terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Festas felizes?

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A malta do Grupo "Picadas de Cabo Delgado" no restaurante AZIZ (Mouraria-Lisboa)

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Estes encontros são sempre bem-vindos, pois são uma das formas de nos mantermos em contacto e revivermos momentos difíceis passados em Cabo Delgado, mas também os mais alegres que estes encontros sempre proporcionam. Foi o que aconteceu hoje no restaurante "O Cantinho do AZIZ" (na Mouraria-Lisboa) onde alguns dos participantes da página do Facebook "Picadas de Cabo Delgado" se reuniram num almoço de confraternização bastante animado, onde reinou a comida moçambicana regada com fresquíssimas "Laurentinas". São momentos que decerto se irão repetir.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Promoção de Moçambique

http://youtu.be/AYRHdjeq87k


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terça-feira, 28 de maio de 2013

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Em homenagem ao nosso companheiro e amigo Felisberto Costa


 
O "Zequinha", Alexandre, Sobral, Diamantino, Arteiro e o Pinto, fizeram parte da delegação da C.CAÇ. 3309 presente na despedida do nosso companheiro e amigo Felisberto Costa.
 
"Saibamos guardar a memória dos que partiram e honrar os que ainda vivem; Esta pátria nunca deveria esquecer os seus soldados"
Quando me disseste ao telefone que este ano "não dava", logo supus que era grave... tu estavas sempre presente onde quer que fossem os nossos Encontros, mesmo combalido.
Sentimos a tua ausência.
Partiste, mas levaste contigo a nossa amizade e solidariedade.
Repousa em paz onde quer que estejas Furriel COSTA.
Um abraço grande cocuana...
 
A delegação da Companhia de Caçadores 3309 no cemitério de Vale Flores (Feijó)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Em homenagem ao nosso companheiro Felisberto Costa

Coroa de flores depositada na urna de Felisberto Costa, por antigos companheiros da ex-Companhia de Caçadores 3309 presentes no funeral.
Mensagem inscrita na coroa de flores
 




(...) Já à porta, parecendo transbordar uma anciedade que parecia difícil de conter, evidenciando ao mesmo tempo uma ingenuidade excessivamente infantil que evitava exteriorizar outras emoções há muito contidas, prenhes de recordações dramáticas, Maria Nyamoro sorria agora, sem esforço, enquanto corria de uma forma efusiva na direcção do jeep que estacionava do lado de dentro da vedação de bambu que Maria Nyamoro abrira e voltara a fechar, para que a viatura não fosse observada pela patrulha do exército que regularmente fazia a ronda ao aldeamento. Com ele trazia alguns sacos, repletos de géneros alimentícios que furtara dos mantimentos destinados ao aquartelamento que fora buscar a Montepuêz, e que lhe custaram mais tarde, uma acesa discussão com o furriel Costa responsável pelo depósito de géneros da 3309.
- Braz, foste tu que foste a Montepuêz no Unimog 404 fazer o reabastecimento do aquartelamento?
- Fui, porquê? ― Houve algum problema?
O furriel Costa fez uma pequena pausa, tentando disfarçar um ligeiro sorriso que não conseguiu conter, acabando por soltar uma forte gargalhada que transportava alguma ironia:
- Que ideia Braz! ― claro que não houve problema nenhum!
- Apareces-me aqui no quartel com as sacas de batatas e de arroz todas rotas; as caixas das latas de conserva abertas e tudo o resto vandalizado, até parecendo que passou por ali um forte vendaval, e ainda me perguntas se houve problemas com o reabastecimento?
- Então! - És capaz de me explicar a causa daquele roubo que diga-se de passagem, um pouco seleccionado; -  uns quilitos de batatas; algumas latas de conserva; café, açúcar, arroz:
- Caramba, quem o fez até parece que estava numa loja a abastecer-se para o mês:
- O que é que achas Braz? - E qual é a explicação que tens para este assalto ao abastecimento do quartel que o capitão vai ficar fula quando vier a saber?
- Sabes muito bem que ele não te grama por causa dessas tuas ideias um pouco liberais, e vai ser uma boa oportunidade para ele te dar uma bruta foda que ainda tens que cumprir mais uns meses de comissão e, se possível, manda-te para uma zona onde “porrada é mato”.
Apanhado de surpresa pela reacção do furriel e sem saber qual a desculpa a dar, lembrou-se da que lhe veio à memória; a que lhe pareceu com maior probabilidade de ser aceite.
Reparou que o furriel fazia um denunciado esforço para não exteriorizar o mesmo sorriso inicial, cujo olhar, que denotava ser o prolongamento do ligeiro rasgar dos lábios que pareciam adivinhar o destino das mercadorias em falta, adivinhando qual a desculpa que estava a ser arquitectada e que extravasava do olhar um pouco fragilizado do soldado Braz.
- Meu furriel! ― eu penso que foi já no regresso a Balama;
- Como tenho um certo receio de andar nestas matas sozinho apesar de saber nunca ter havido qualquer ataque da FRELIMO nesta zona, mas, devido a esse mesmo receio e, para me tranquilizar e me sentir um pouco acompanhado durante o trajecto, fui dando boleia a elementos da população dos aldeamentos próximos que fui encontrando ao longo da picada e, com a carroçaria do Unimog 404 repleta de gente faminta, foi muito provável que, uma vez sentados em cima de tanta fartura a vandalizassem, para suprir algumas necessidades alimentares que diariamente não encontram na mandioca e no milho.
O furriel Costa, apercebendo-se da aproximação do sargento Barreto e do alferes Barros motivados pelo alarido da discussão, arrastou Braz para dentro do depósito de géneros e em tom mais aliviado tranquilizou-o, percebendo que este não conseguia alinhavar uma desculpa que merecesse alguma credibilidade.
- Olha pá! ― Como já deves ter percebido, eu nunca me preocupei com aquilo que têm dito de ti ao longo de toda a comissão sobre as tuas ideias sobre esta puta de guerra:
- Para te ser sincero, não partilho totalmente do teu pensamento embora também condene este conflito e, neste aspecto, compreendo a tua forma de agir: - aliás, tem sido um assunto que tenho comentado em privado com o teu furriel Gabriel e admiramos muito o teu comportamento que apesar de óbvio se tem revelado discreto em face das circunstâncias.
Apesar de manter uma certa serenidade, o furriel Costa não hesitou em atalhar no discurso indo directamente ao que lhe parecia ser a versão mais consentânea com a realidade.
- A malta tem dito que ultimamente não tens vindo dormir ao quartel desde que andas com aquela miúda do aldeamento, e eu penso que toda esta situação está relacionada com o desaparecimento de alguns géneros alimentícios cada vez que vais a Montepuêz.
Lá fora, ouviam-se os gritos dos miúdos que já era hábito deslocarem-se ao aquartelamento, acotovelando-se em bichas desalinhadas junto da cozinha para obterem alguns restos de refeição do rancho militar, enquanto que dentro do depósito de géneros, sentados em cima de sacos de arroz e com as prateleiras repletas de mercearias várias, os dois iam ouvindo o cozinheiro resmungar, tentando controlar a avalanche das crianças que numa algazarra desesperavam por alimento:
- Turras d’um cabrão! ― andam os vossos pais lá nas matas do norte a darem-nos cabo do canastro e nós aqui ainda a encher a vossa pança e a tirar-vos a barriga da miséria:
- Ou seja; alimentamo-vos enquanto são crianças para nos poderem dar um tiro nos cornos quando crescerem não é?
Após ter ouvido aquela frase, Braz olhou o furriel com uma intensidade, onde o olhar fixo, tremendamente perturbador parecia querer fuzilar alguém naquele mesmo instante, onde a explosão de raiva se reflectia numa voz trémula, ligeiramente soluçante que prendeu de entusiasmo o furriel ao ponto de o comover, como se tivesse a assistir a uma peça de teatro pincelada em tons dramáticos.
- Pode ficar tranquilo furriel!
- Sim, fui eu que roubei os mantimentos do reabastecimento que tem achado em falta:
Braz dizia-o com uma inabalável convicção de que com aquele acto estava a restituir algo que não lhe pertencia, contribuindo daquela forma para que aquelas crianças não tivessem que ouvir dia após dia e ano após ano aquela revolta do cozinheiro, que embora inconsciente era reveladora daquilo que a maioria dos nossos soldados pensavam deste conflito colonial, parecendo mais aliviado pela confissão, não medindo a gravidade da mesma caso o furriel decidisse fazer a participação do ocorrido ao capitão.
- Mas de uma coisa pode ficar tranquilo meu furriel!
- Nada do que tirei reverteu a meu favor nem fui vender para complementar o meu magro pré e poder comprar “Laurentinas”, mas sim para aliviar o desespero de alguém que vive naquele aldeamento onde a fome se passeia de mão dada com a revolta cercada de desespero.
O olhar do furriel Costa parecia inundado de compreensão que evitava transparecer para não se comprometer, mas o brilho do seu sorriso envolveu-os numa cumplicidade que irradiava alguma tranquilidade, expressa num significativo gesto, quando o furriel lhe tocou no ombro de forma afável, acompanhado de uma frase que lhe causou alguma admiração:
- Fica descansado Braz, longe de mim agravar ainda mais a tua situação aqui na companhia, agora que estamos prestes a embarcar para a Metróplole, e depois da suspeita do capitão (porque ele veio a saber) da tua amizade (diga-se de passagem um pouco estranha) com aquele casal em Nangade que se provou serem membros da FRELIMO.
- Desde que sejas discreto e não dês muito nas vistas, mata lá a fome à tua Maria Nyamoro, seu filho e sua gente, porque é o mínimo que podemos fazer por eles, embora não compreendam que alguns de nós também estamos aqui contra a nossa vontade e que nos sentimos, tal como eles, aramados nos nossos aquartelamentos, prisioneiros e violentados da nossa liberdade (...)

Nota: Pequeno texto retirado do romance "Fardados de Lama", páginas 362, 363 e 364, da autoria de Carlos Vardasca, escrito em 2012 e a editar em Setembro de 2013.







 
 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Faleceu o nosso companheiro e amigo, ex-Furriel Felisberto Costa, da Companhia de Caçadores 3309

A bordo do navio "Niassa". 1971
A bordo do navio "Niassa" na companhia dos Furrieis Calha, Leite e Gabriel. 1971
Em Nova Torres (Moçambique) de viola na mão, na companhia de vários militares da Companhia de Caçadores 3309. 1971
No XIX Encontro Nacional da C.CAÇ. 3309. 7 de Março de 2009
No XVI Encontro Nacional da C.CAÇ. 3309. 4 de Março de 2006
 
Companheiros e amigos, é com grande pesar e consternação, que temos a comunicar o falecimento no passado dia 1 de Maio do nosso companheiro e amigo, ex-Furriel Miliciano NM 04099470, da Companhia de Caçadores 3309, Felisberto João Almeida Costa, devido a doença prolongada.
Hoje mesmo o seu corpo irá para a igreja do Monte da Caparica, e o funeral realizar-se-á amanhã, dia 3 de Maio para o cemitério do Feijó (próximo do Fórum de Almada).
A todos os seus familiares e amigos, enviamos as nossas sentidas condolências.
Fica-nos a todos nós que com ele convivemos, a recordação do seu sorriso, da sua simplicidade, humildade, forte espírito de companheirismo, sincera amizade e de verdadeira camaradagem.
Esteja onde estiver, um forte abraço de todos nós
 
Carlos Vardasca
2 de Maio de 2013

quarta-feira, 24 de abril de 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

O XXIII Encontro Nacional da C.CAÇ. 3309 na imprensa regional de Paredes de Coura

 Página nº 5 do jornal regional de Paredes do Coura, "O Coura", de 15 de Março de 2013.
(Clicar no documento para o ampliar)

quarta-feira, 13 de março de 2013

XXIII Encontro Nacional dos antigos militares da Companhia de Caçadores 3309. Moselos-Paredes de Coura (Fotos)

Faixa do aniversário 
Bolo do aniversário 
Uma parte de "velha guarda" presente no Encontro 
O Braz, Saavedra, "Vilela" e ao fundo o Duarte, durante a 2ª sessão do lançamento do livro "Do Tejo ao Rovuma" da autoria do primeiro. 
O Braz, Moreira, Saavedra, Silva e o Leite (de costas) 
Um dos aspectos da sala 
Outro pormenor da sala 
O "Zéquinha", Miguel, Lopes e Alvim 
O Meira, Sousa e o "Barbeiro" 
O Saavedra, Silva e Leite 
Diamantino, Pinto, Alexandre, "Vilela" (de costas) e o Moreira 
Um pormenor do convívio, vendo-se em primeiro plano o Leite e o Arlindo 
O Ruben, Gonçalves e o Arteiro, este último um dos organizadores do evento

terça-feira, 12 de março de 2013

Foi de facto uma grande festa

Foto do grupo, que não contou com todas as presenças, devido ao mau tempo que se abateu sobre Moselos e que preferiram ficar dentro do edifício da Confraria onde se realizou o Encontro.
Filipe Cardão Pinto, a quem coube a apresentação do livro "Do Tejo ao Rovuma" no uso da palavra
Carlos Vardasca, autor do livro "Do Tejo ao Rovuma", no uso da palavra
 
Discurso de apresentação do livro por Filipe Cardão Pinto
 
Caros amigos,  companheiros,  ex militares da CCaç3309, Exmo Senhor Capelão do Batalhão  Caçadores 3834, Exmas Senhoras , Exmos Senhores
Quero, em meu nome pessoal, saudar-vos a todos pela vossa presença neste evento, o qual tem por objectivo, como sabem, comemorar mais um aniversário, e já vão 40, do regresso da guerra, dita, do ultramar português, hoje tida como guerra colonial.
Privilegiou-se este evento, para se proceder à apresentação de um trabalho  de pesquisa, levado  a  cabo pelo nosso camarada Carlos Braz, no qual se relata com a precisão possível, como  foi,  ao fim e ao cabo, a vida dos militares portugueses, no teatro de guerra de Moçambique, extrapolando, também em Angola e na Guiné. Foi-me endereçado o convite para efectuar esta apresentação, o qual agradeço profundamente, sendo pois, este o motivo, pelo qual,  vos estou a dirigir estas palavras.
Daqui e agora, quero dirigir-me em primeiro lugar, ao autor, endereçando-lhe os meus agradecimentos, que, estou certo, também serem corroborados por todos vós, pelo seu denodo, devoção até, com que abraçou este projecto.
Portanto para ti, Carlos, o meu e nosso Bem-Haja.
Quanto ao trabalho em si, e desde logo ao desfolhá-lo, sentimo-nos como  que  transportados, como  se  viajássemos  numa máquina do tempo, para a época da  nossa juventude, e para as marcas que terá deixado, de forma indelével, em todos nós.
Tem esta obra, a particularidade de fazer perpetuar para o futuro, de forma quase exaustiva, como um POVO sofre quando o  obrigam a partir para aventuras políticas, citando, " sem prosa nem jeito”  aventuras essas que, ao que hoje nos é dado perceber, servem apenas os interesses de alguns  e não os reais interesses desse POVO.  
O relato, as situações, toda a vivência deste grupo de militares, não se confina, portanto, apenas e somente, a eles. Esta realidade é transversal a várias gerações de portugueses, pois não esqueçamos que foram expedidos para a chamada guerra do ultramar, cerca de 2 milhões de soldados preparados à pressa, pois era necessário, para os detentores do poder de então, mandar para África, aquilo que normalmente se designa, como " carne para canhão ". Não nos esqueçamos também que, a milhares de quilómetros do centro das operações militares, no seu verdadeiro quinhão natal, famílias inteiras, choravam baixinho, pelos filhos, parentes e amigos, aguardando ansiosamente o seu regresso, sãos e salvos. Era até vulgar ouvir-se, quando ocorria o nascimento de uma criança, " Deus queira que seja uma menina, para não ir à guerra ".
Mas, como sabemos, também algumas foram convocadas a participar nela. Aqueles que, ao lerem os relatos e virem as imagens expostas e tenham também por lá passado, fosse qual fosse o teatro de operações onde tenham estado, sentir-se-ão por certo, nesta obra, retratados.
Por tudo isto, tomo a liberdade de afirmar que este conteúdo, ultrapassa as fronteiras daquela simples unidade de infantaria, sendo este, para além de outros, um dos seus méritos, e são muitos.
O poder político actual, tem, sobre a guerra do ultramar, mantido uma postura de ambiguidade, quiçá vergonha, votando quase ao ostracismo, as gerações nela envolvidas.
É com este e outros trabalhos congéneres que calamos os que assim pensem, é com este tipo de ensaios que deixamos a nossa marca perpetuada no tempo.
Os outros, os políticos, não serão por certo recordados no futuro pelos seus concidadãos, pelas melhores razões. É com este tipo de trabalhos que o eterno "soldado desconhecido” toma o seu lugar na história e a sua verdadeira imagem, desvendada.
Para finalizar sempre direi que, se puder definir um herói nesta guerra, ele tem um rosto colectivo.
Ele foi o POVO, que de repente se viu fardado e armado, para combater, sofrer, morrer e resistir longinquamente.
O mesmo POVO que na sua terra natal, ansiava pelo fim da guerra e desesperava, sem nunca ter percebido porque o trataram tão mal, e dele sempre se esqueceram e esquecem, quando aos poderes, dá jeito.
Parabéns ao autor e aos intérpretes vivos e não vivos, mas jamais, esquecidos por todos nós.  

Paredes de Coura, 2013.03.09
Filipe Pinto 
Ex- militar da Companhia de Caçadores 3309 destacada em Moçambique na guerra do ultramar, no período de 1971 a 1973. 
Discurso do autor do livro "Do Tejo ao Rovuma", Carlos Vardasca
Caros amigos
O meu obrigado a todos pela vossa presença na apresentação do livro “Do Tejo ao Rovuma”. Aproveitando a vossa presença, queria no entanto deixar também alguns agradecimentos pois sem a sua contribuição esta obra não seria possível:
Os meus agradecimentos ao Arquivo Histórico Militar, Arquivo Histórico da Marinha de Guerra, Instituto Geográfico do Exército, Batalhão de Caçadores 10 em Chaves, mas também à prestimosa colaboração dos meus companheiros da Ex- Companhia de Caçadores 3309 presentes nesta sala, que se dignaram enviar os seus álbuns e outros documentos, que possibilitou a recolha da maioria das fotos, documentos e outros testemunhos que ilustram a presente obra.
Por outro lado, queria agradecer ao meu amigo João Arteiro que aceitou moderar esta sessão mas também pelos momentos que nos tem proporcionado ao realizar estes nossos Encontros ao longo de todos estes anos.
Um agradecimento muito especial ao meu amigo e companheiro Filipe Cardão Pinto que muita honra me deu ao gentilmente ter aceitado o meu convite para fazer a apresentação deste livro de que vos vou, em breves palavras, falar um pouco dele.
“Do Tejo ao Rovuma” é uma obra foto biográfica e documental que conta a história de cerca de 140 homens pertencentes à Companhia de Caçadores 3309, que foram mobilizados para combater em Moçambique durante o período colonial, conflito de má memória para a nossa juventude, que nela foi obrigada a participar e para onde foi enviada “sem jeito nem prosa”.
Guerra Colonial (pois é esse o nome adequado para uma guerra com aquelas características) que deixou marcas dramáticas em toda a nossa sociedade, ao ponto de ainda nos dias de hoje haver problemas familiares, resultantes das perturbações psicológicas de que muitos jovens foram vítimas por nela terem participado, muitos deles estropiados ou com graus de deficiência que lhes comprometeu de vez o futuro, outros, por terem falecido em combate (cerca de nove mil homens ao longo dos 14 anos de guerra) deixaram o nosso país repleto de pais angustiados e de imensas “viúvas de um falso império”.
Esta obra que agora deposito nas vossas mãos foi fruto de uma intensa investigação que efectuei junto das entidades já referidas, e nasceu de uma vontade imensa em não deixar esquecer “um pedaço da nossa história”, de tentar recordar através deste registo histórico um pouco do nosso passado e os momentos conturbados nele vivido.
Por sentir que a edição deste testemunho era uma necessidade imperiosa e uma forma de preservar um pedaço da nossa história recente, de que tenho o imenso prazer de colocar à disposição de todos vós, tendo também como objectivo tentar preservar na nossa memória colectiva uma vivência por vezes dramática da nossa presença por terras de África, como participantes numa guerra colonial cujos interesses, apesar de nos serem estranhos, não deixaram de mutilar uma grande parte da nossa juventude que nela participou.
O título “Do Tejo ao Rovuma” resulta do facto da Companhia de Caçadores 3309 (de que nós fazíamos parte) ter embarcado no navio Niassa (ancorado no rio Tejo em 24 de Janeiro de 1971, onde fomos despejados no fundo dos seus porões como se fossemos uma vulgar mercadoria, enquanto que aos oficiais e sargentos lhes eram facultados camarotes com algumas comodidades), e ser destacada para o norte de Moçambique, na fronteira com a Tanzânia, nas margens do rio Rovuma, onde conviveu com a brutalidade da guerra, e de onde nem todos regressaram em 6 de Março de 1973.
Embora nesta obra se descreva cronologicamente e através de documentos oficiais os factos mais relevantes da vida destes militares por terras do Índico, “Do Tejo ao Rovuma” não pretende legitimar nem fazer o elogio da Guerra Colonial, pelo contrário.
Ao longo das suas 352 páginas, para além de relatórios de operações efectuadas pelas nossas tropas, descrições dos ataques da FRELIMO aos nossos aquartelamentos, descrição das circunstâncias em que ocorreram as nossas baixas em combate (alguns desses momentos ilustrados em fotos), irão encontrar também alguns textos escritos pelo autor mas também por outros seus companheiros que aceitaram prestar os seus depoimentos, onde se denota com alguma coerência e convicção uma visão crítica e uma denúncia política da Guerra Colonial.
“Do Tejo ao Rovuma” também não é indiferente à vida social das populações nativas, fazendo nas suas páginas uma pequena descrição histórica dos usos e costumes das etnias mais relevantes em Cabo Delgado, para onde a Companhia de Caçadores 3309 foi destacada; — os Macuas e os Macondes — esta última de onde era originária uma grande percentagem dos guerrilheiros da FRELIMO.
Nesta obra houve também a preocupação, para além da denúncia dos horrores da guerra, em descrever os vários momentos de angústia e de felicidade que se forjaram entre os militares da Companhia de Caçadores 3309, por vezes em condições dramáticas de sobrevivência, refugiados no interior dos abrigos a quando dos ataques da FRELIMO aos aquartelamentos, nas emboscadas de que eram alvo no interior da mata densa, ou dormindo semanas em cima das árvores, para escapar às sucessivas inundações do seu aquartelamento pela junção das águas dos rios Rovuma e Metumbué, devido à época das chuvas, onde, apesar de tudo, se solidificaram fraternas amizades que ainda hoje perduram, fruto da partilha dos vários silêncios que inundaram os seus medos por um regresso que, por inúmeras vezes pareceu incerto.
Nas páginas deste livro não se contam façanhas heroicas nem se faz o elogio do herói tão ao gosto do Estado Novo (que por diversas vezes os tentou fabricar), mas tão só se conta o dia-a-dia dos cerca de 140 homens, que no próprio dia do seu embarque para a guerra no Cais de Alcântara já pensavam unicamente no seu regresso.
Nesta obra também se recordam os momentos fascinantes do dia 25 de Abril que veio pôr fim ao conflito colonial, mas também a convivência salutar e de extrema felicidade que se vive actualmente, quando os sobreviventes e verdadeiros protagonistas desta história se encontram anualmente em diversos pontos do país, nos Encontros Nacionais de confraternização.
Finalmente, em “Do Tejo ao Rovuma” faz-se, e com a devida honra, uma justa homenagem aos que da Companhia de Caçadores 3309 e das restantes Companhias do Batalhão de Caçadores 3834 tombaram em combate, e foram impedidos de regressar daquela odisseia trágico-marítima, para onde foram empurrados em defesa de um falso império que se adivinhava desmoronar em breve.
Foi em homenagem aos nossos companheiros tombados em combate, ao Victor, ao “Almada” ao Sousa e ao “Alentejano”, e a todos aqueles que tombaram em defesa de uma pátria que lhes foi madrasta que escrevi “Do Tejo ao Rovuma”, e é a pensar em todos eles que aqui fica um abraço solidário de quem sobreviveu.
A todos vós que se dignaram estar presentes nesta sessão, mais uma vez o meu obrigado pela vossa presença.

 Moselos (Paredes de Coura), 9 de Março de 2013
O autor

Carlos Vardasca
Ex-Soldado Condutor NM 15263570
Da Companhia de Caçadores 3309



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Encontro Nacional dos ex-Militares do Batalhão de Caçadores 3834 (Chaves)

Era sempre neste ambiente de consternação (mas também de revolta) que se faziam as despedidas nos dias de embarque das tropas para a Guerra Colonial (foto cedida por Ilídio Costa)

Embarque para Moçambique do Batalhão de Caçadores 3834, a bordo do navio "Niassa" em 24 de Janeiro de 1971. Lisboa. Cais de Alcântara (Foto de autor desconhecido).
 
Programa do Encontro
(Clicar no Documento para o ampliar)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Furriel Castro Guimarães (Desaparecido em Combate)

O Furriel Castro Guimarães em Lamego (1970) e na picada entre Pundanhar e Nhica do Rovuma (Moçambique, 1972)
O Furriel Castro Guimarães (fardado de preto) junto de outros militares. Palma. Moçambique 1972
 
Carta enviada pela Liga dos Combatentes ao Comissariado de Mtwara (Tanzânia)

Subject: Portuguese Military presumably buried in Mtwara

Dear Sir,
The Combatants League of Portugal greet your excellence and wish you the best personal and professional achievements in your position.

On the subject in title, we communicate that the Combatants League is an institution under the Ministry of National Defense from Portugal ,with the mission of treat all matters related to former combatants of Portugal, in particular to identify places where Portuguese soldiers fallen rest in all warlike confrontations that occurred and where Portugal has been present, since the Great War(1914-18), to the present day.

In November 1972 a Portuguese soldier died near the Tanzania, in a sand zone existing in Rovuma river, and we have reports saying that probably he has been taken to Kitaya , and later to Mtwara. This happened during the Overseas Portuguese War and unlike other cases, was never ascertained the place where he is buried.

Inside the mission of the Combatants League above related and taking into account the desire to proceed with the location of the grave of the referred military – Furriel (military rank) - Castro Guimarães (Name), we request information about the existence of that soldier's grave Portuguese military in Mtwara, and possible identification of the same, allowing to transmit the information to the family, and the beginning the process translation of the remains to Portugal.

We also request that the information be provided in case it is located the grave, so that the family can be informed, and some information on how we can proceed to accomplish the translation, including how to obtain authorization from the Government of the United Republic of Tanzania, leading to the beginning of the administrative process of translation to Portugal of his remains.

Looking for your answer to our request, other form of contact is my personal email –
faguda@gmail.com

Yours faithfully,

Fernando Aguda, Major-General and Vice-President of the Combatants League

Tradução da carta enviada pela LIga dos Combatentes ao Comissariado de Mwtara (Tanzânia)

Assunto: Militar português presumivelmente morto em Mtwara
Exmo. Sr.

A Liga de Combatentes de Portugal cumprimenta V. Exa. A deseja –lhe os melhores êxitos pessoais e profissionais.
Relativamente ao assunto referido em título, comunicamos que a Liga de Combatentes é uma instituição sob a alçada do Ministério da Defesa Nacional de Portugal, com a missão de tratar de todos os assuntos relacionados com os antigos combatentes de Portugal, em particular para identificar lugares onde soldados portugueses caíram em combate, como os confrontos que ocorreram e onde Portugal esteve presente, desde a I Guerra Mundial de 1914/18.
Em Novembro de 1972 um soldado português morreu perto da Tanzânia, numa zona de areia existente no rio Rovuma e temos relatórios dizendo que provavelmente foi levado para Kitaya e mais tarde para Mtwara.
Isto teve lugar durante a Guerra no Ultramar e ao contrário de outros casos, nunca mais foi descoberto o lugar onde o referido soldado foi enterrado.
Dentro da Missão da Liga dos Combatentes, acima referida, e tendo em conta o desejo de prosseguir com a localização da sepultura do referido militar – Furriel Castro Guimarães, solicitamos informação acerca da existência da sepultura do soldado português em Mytwara, e possível identificação do mesmo, permitindo transmitir a informação para a família, e o começo do processo de trasladação dos seus restos mortais para Portugal.

Aguardando a vossa resposta,
Subscrevo-me

Fernando Aguda – Major-General e Vice-Presidente da Liga de Combatentes