segunda-feira, 22 de novembro de 2010

“Regressámos todos tão diferentes”

Éramos todos ainda muitos meninos, folheando uma qualquer página dos nossos livros da escola, quando em África os ventos da revolta começaram a soprar.
Dos que tiveram o privilégio de brincar com brinquedos a sério, aos que dos restos dos outros souberam improvisar a gancheta e o arco; o carrinho de rolamentos; o jogo das caricas e dos bugalhos, até aos que sem infância tão rápido se tornaram homens e do arado moldaram as terras, a todos nos parecia estarmos a crescer muito devagar para que a guerra ainda nos apanhasse de soslaio.
Dos bancos da escola até ao primeiro namoro no adro da igreja, a todos nós sempre nos era dito que quando chegasse a nossa vez já aquilo em África tinha findado há muito.
Apesar de tudo, e enquanto a nossa juventude nos foi escapando enleada em incertezas, inesperadamente, foi chegado o momento em que o carteiro nos trouxe aquele papel timbrado, que nos dizia já sermos homens e ser a altura para abandonarmos o aconchego familiar.
Na recruta, encafuados naqueles casebres feitos casernas depois de termos sido expulsos do lar, suportámos a brutalidade e a arrogância de certos instrutores que diziam ser necessária aquela agressividade para nos tornarmos bons combatentes, fomos, apesar de tudo, mantendo os nossos sorrisos de infância e recordámos as brincadeiras que não tivéramos tempo de brincar em criança, embora já nos tivessem transformado em “meninos soldados”.
Enviados para a guerra, onde convivemos diariamente com a angústia e a incerteza, mas também com a perca de alguém com quem partilhámos os medos e as várias faces dos silêncios; a última gota de água do cantil; a mesma frescura do capim, os sorrisos aos poucos foram-se desvanecendo e os nossos olhares toldaram-se de raiva, tornaram-se frios, distantes, absurdamente melancólicos e, obviamente muito tristes.
Cada momento vivido no isolamento do interior da mata; da felicidade vivida em momentos tão raros que logo se desvanecia nos ataques constantes aos aquartelamentos; da sensação de alívio por se ter escapado a uma emboscada ou à impaciência pela chegada do helicóptero e à desilusão por uma carta que nunca chegava, todos estes momentos foram moldando cada uma das nossas expressões, como quem desconfia que fora enviado para ali para morrer.
Regressados da guerra e com alguns companheiros “deixados para trás”, de regresso às aldeias e às cidades que nos viram partir ainda meninos, alguns dos nossos olhares distantes pareciam não querer reconhecer quem nos amou à distância, apesar dos abraços apertados e das nossas lágrimas que caiam nos ombros de quem nos abraçava.
Vivendo constantemente em sobressalto, recriando cenários de guerra intensamente vividos mesmo que estes há muito já estivessem distantes; reagindo aos carinhos de quem nos amava com a agressividade inconsciente de quem se sentia constantemente ameaçado; sem capacidade para compreender (e ser compreendido) que todo aquele comportamento fora adquirido em clima de guerra e tinha uma causa, um nome (stress de guerra pós traumático) muitos, involuntariamente, fomos deixando morrer aquilo que mais ansiávamos, quando no fundo dos abrigos e à luz de uma vela delineámos outros planos e que agora os sentíamos escapar, sem que os nossos olhares tristes sentissem a força suficiente para os conseguir agarrar.
Incompreendidos pela família (que sem ter vivido a guerra com ela foi obrigada a conviver diariamente os seus sobressaltos, ano após ano, até à ruptura conjugal) pelos governos que nos ignorou e pela sociedade que nos olhava de lado como se nós tivéssemos sido os verdadeiros colonialistas, vimos muitos dos nossos companheiros a serem atirados para a marginalidade, fazendo agora novos amigos, vegetando pelas arcadas do Terreiro do Paço feitos sem-abrigo, partilhando com outros de igual sorte a sua condição a quem contavam as suas mágoas, confortando-se mutuamente sem esperar nada em troca, até que o suicídio lhes arrancasse o último pedaço das suas vidas.
É este o drama muitas vezes escondido de muitos daqueles a quem foi dito “que a pátria estava em perigo” e a quem se exigiu que dissessem logo presente, sem olhar a quem, e que ainda hoje vivem desprezados por essa mesma pátria que os pariu e que deles se serviu para logo os esquecer e os “atirar para a berma da estrada”.
Se tomarmos bem consciência do quanto nos afectou aquele período colonial e embora muitos de nós não fossemos atingidos por aqueles dramas, apesar de termos partilhado os mesmos medos, de uma coisa temos todos a certeza: ― Nenhum de nós voltou a ser o que era e, sem nos darmos conta, “Regressámos todos tão diferentes”.

Carlos Vardasca
22 de Novembro de 2010
Foto: Regresso de tropas de Moçambique a bordo do "Vera Cruz". Lisboa 1971

domingo, 21 de novembro de 2010

Estamos todos tão diferentes

A brincadeira começou, quando, ao ver a foto que me tiraram, aquando da caminhada que fiz com outros companheiros, da cidade romana de Ammaia para Marvão (cerca de 11 km), me lembrei da outra foto, que me tiraram em Negomano, à chegada de uma operação de 4 dias (a foto é real, não encenada).
A similitude, se assim se pode chamar, reside no facto de adorar andar no mato, com ar puro, a subir e descer escarpas. Lembro-me de uma caminhada que fiz, na Serra da Arrábida, há cerca de cinco anos, em que, para vencer algumas zonas, tive que andar de quatro, agarrado às raízes do mato.
O notório, para mim desta brincadeira, é a evolução da arma que tenho na mão, numa a G3 de má memória (a minha terminava em 115), na outra os bastões de caminhada. Nada mais. Uma brincadeira e a história é tão somente esta.
Abraço.
Militão Camacho*

*Ex- Alferes Miliciano NM 09383768 da Companhia de Caçadores 3311 (Batalhão de Caçadores 3834)

Fotos: Militão Camacho no Aquartelamento de Negomano (Moçambique 1971) no regresso de uma operação de quatro dias, e a outra de regresso de uma caminhada de cerca de 11 quilómetros com uns amigos, da cidade romana de Ammaia a Marvão (2010).

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Mais uma baixa" na Companhia de Caçadores 3311 (Batalhão de Caçadores 3834)

Informam-se todos ex-militares do Batalhão de Caçadores 3834, que faleceu devido a doença o ex-Furriel Miliciano Atirador NM 16029370, João Fernando Gonçalo Cruz, do 3º Pelotão da Companhia de Caçadores 3311 que esteve estacionada no aquartelamento de Negomano, Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Este nosso companheiro nasceu em 18 de Junho de 1949 (tinha 61 anos de idade) era natural de Paleão, Soure, e residia em Vila Nova de Gaia.
Em nome de "Do Tejo ao Rovuma" e de todo o Batalhão, à família e amigos, enviamos as nossas condolências.

Carlos Vardasca
17 de Novembro de 2010

Foto 1: Tirada no Almoço Convívio da Companhia de Caçadores 3311 em 2009, onde o João Cruz (de camisa azul e de óculos) está na companhia do ex-Alferes Menino (ao centro) e do ex-Furriel Maia, todos eles pertencentes ao 3º Pelotão da mesma Companhia.
Foto 2: Vista aérea do Aquartelamento de Negomano, onde esteve estacionada a Companhia de Caçadores 3311. O Aquartelamento de Negomano ficava junto ao Rovuma, rio que fazia fronteira com a Tanzânia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Furriel Castro Guimarães. Desaparecido em combate em 15 de Novembro de 1972

Faz precisamente hoje, dia 15 de Novembro de 2010, 38 anos que o Furriel Castro Guimarães faleceu em combate, abatido por forças tanzanianas nas margens do rio Rovuma (e levado para aquele país onde se supõem estar sepultado na aldeia de Kytaia) quando participava numa operação integrado num dos grupos de combate dos GEs 212 estacionados no Aquartelamento de Nhica do Rovuma (Norte de Moçambique - Província de Cabo Delgado).
Anualmente, "Do Tejo ao Rovuma" aqui lhe presta a devida homenagem, e assim o fará (mesmo reconhecendo a sua complexidade) até que se conclua este processo, que se deseja com a descoberta do local da sua sepultura e a transladação do seus restos mortais para Portugal e para junto dos seus familiares.
Várias diligências já foram efectuadas com o objectivo de obter contactos que nos levem cada vez mais próximos daquela aldeia tanzaniana, o último dos quais (do qual já prestamos essa informação neste espaço) com o padre José Alexandre da Missão dos Missionários da Boa Nova radicados em Moçambique na localidade de Malema, que prometeu colaborar com esta causa e encetar os contactos necessários para a resolução da mesma.
Mais recentemente, fui contactado aqui em Alhos Vedros pelo Diamantino Fernandes, ex-1º Cabo Transmissões da CCS do Batalhão de Cavalaria 3837, que no dia 23 de Outubro se deslocou a Moçambique (mais concretamente à povoação de Nangololo, onde se desloca com alguma regularidade) que não quis seguir viagem sem falar comigo sobre este caso, para que durante a sua estadia naquele país tentar, junto de contactos que diz ter junto de ex-guerrilheiros, hoje altos quadros da FRELIMO, contribuir também para a resolução do mesmo.
Hoje mesmo, decidi "abrir uma nova frente", alargando os contactos, ao escrever uma carta ao Embaixador da República Unida da Tanzânia em Paris, que reproduzo em baixo (em Portugal não existe embaixada deste país) com o objectivo de usar a sua influência e interceder junto das autoridades do seu país para que se investigue a existência de alguma sepultura daquele soldado português na aldeia de Kytaia.
Dando seguimento ao lema "Ninguém deve ser deixado para trás" a ele continuaremos a ser fieis.
Em jeito de homenagem, aqui fica um abraço solidário de quem sobreviveu.

Carlos Vardasca
15 de Novembro de 2010
Foto 1: O Furriel Castro Guimarães com as idades de 15 e 22 anos.
Foto 2: O Furriel Castro Guimarães em Palma (fardado de negro) junto de outros seus companheiros. 1972
Foto 3: O Furriel Castro Guimarães em Moçimboa do Rovuma (em tronco nu, na primeira fila em cima) junto dos seus companheiros da CCS do Batalhão de Caçadores 3874. 1972

De: Carlos Alberto Correia Braz Vardasca
Rua António Hipólito da Costa nº 5 – 1º Esqº
2860-045 Alhos Vedros - Portugal
Telef: 212020157
Telem: 963899868
E-mail: carlosvardasca@netcabo.pt
Blogue: http://dotejoaorovuma-cabel.blogspot.com/

Para: Embaixada da República Unida da Tanzânia
13, Avenue Raymond Poincaré – Paris


Exmo. Sr. Embaixador

Sou um ex-militar envolvido na Guerra Colonial durante a ocupação de Moçambique por Portugal, e vinha por este meio solicitar a vossa prestimosa colaboração para o seguinte caso que irei tentar resumir.
Em 15 de Novembro de 1972, um Grupo de Combate do exército português deslocou-se do Aquartelamento de Nhica do Rovuma[1] com o objectivo de recolher informações do outro lado da fronteira (Tanzânia), se existiam populações oriundas de Moçambique enviadas para ali para trabalhar em machambas[2] para abastecer de alimentos os guerrilheiros da FRELIMO, que naquela altura lutavam contra a ocupação do seu território pelo exército português.
Após aquele Grupo de Combate ter chegado às margens do rio Rovuma e ter deparado com movimento de populações na margem norte do rio (do outro lado da fronteira) o militar que comandava aquela força de intervenção[3], inadvertidamente começou a percorrer um extenso areal que se formara no meio do rio e que se estendia até muito perto do outro lado da fronteira com a Tanzânia, com o objectivo de encetar conversa com algumas mulheres que lavavam a roupa no rio e tentar recolher as informações que constavam do objectivo da operação.
Apesar de ter sido avisado pelos companheiros dos perigos que corria, ele continuou a percorrer o areal e, já muito próximo da margem do rio do lado da Tanzânia, ouviram-se dois tiros e o seu corpo ficou caído no areal.
Sabendo dos riscos que tal intervenção poderia acarretar e como já estava a escurecer, ninguém daquela força de intervenção se arriscou a ir recuperar o corpo, tendo aguardado para o dia seguinte para tomar qualquer posição sobre a forma de resgatar o corpo do militar abatido.
No dia seguinte, e ao observar-se o areal onde o corpo se encontrava, o mesmo já tinha desaparecido, pensando-se que possivelmente teria sido levado pela maré ou por qualquer animal selvagem.
Cancelada a operação e chegados ao Aquartelamento de Nhica do Rovuma, um dos soldados do Grupo de Combate envolvido naquela operação ouviu noticiar em dialecto Swahili através de uma rádio da Tanzânia, que anunciava terem as forças Tanzanianas capturado um soldado português, descrevendo as suas características assim como o tipo de arma e alguns objectos pessoais que trazia consigo.
Decorridos alguns meses, o exército português também consegue ter acesso a um jornal da Tanzânia em língua inglesa, onde é noticiada a captura do mesmo militar, sendo a notícia ilustrada com algumas fotos, onde se pode ver o corpo do militar abatido a ser exibido junto de oficiais do exército tanzaniano, o que comprova que, por ter sido um militar abatido em combate, possivelmente algum destino foi dado ao seu corpo, tendo sido sepultado em algum local, o que se presume ter sido na aldeia de Kytaia[4], dado ser a povoação tanzaniana mais próxima do local onde ocorreu o incidente em 15 de Novembro de 1972.
Tendo-o colocado ao corrente do que ocorrera naquela data, venho solicitar por esta forma que o Sr. Embaixador interceda junto das entidades oficiais responsáveis por este tipo de assuntos, no sentido de indagarem junto de responsáveis locais da aldeia de Kytaia, se alguém se lembra da ocorrência daquele incidente (algum ex-guarda fronteiriço, membro da população ou até mesmo algum ex-guerrilheiro da FRELIMO que ali se tivesse fixado) e poderem informar em que local foi sepultado o referido militar português, para que os seus restos mortais, depois de formalizadas todas as questões legais, possam ser transladados para Portugal e para mais próximo dos seus familiares.
Certo que o Sr. Embaixador reconhecerá tratar-se de uma questão humanitária, tendo em conta que os familiares do referido militar há muito anseiam recuperar o seu corpo para lhe prestarem a devida homenagem, aguardo com alguma brevidade uma resposta sua a este apelo, agradecendo desde já a sua prestimosa colaboração para a resolução deste caso, que após 36 anos do fim do conflito colonial que envolveu Portugal e Moçambique ainda não foi possível resolver.
Sem outro assunto de momento, muito atenciosamente

Alhos Vedros, 15 de Novembro de 2010

Carlos Alberto Correia Braz Vardasca
*Carta para o Embaixador da República Unida da Tanzânia

[1] Destacamento militar das tropas portuguesas situado a norte de Moçambique, na Província de Cabo Delgado.
[2] Terrenos de cultivo.
[3] Furriel Miliciano NM, João Manuel de Castro Guimarães, do Grupo Especial 212 do exército português, estacionado no Aquartelamento de Nhica do Rovuma (Província de Cabo Delgado, norte de Moçambique).
[4] Aldeia situada no sul da Tanzânia próximo do rio Rovuma, rio que faz fronteira com a República de Moçambique.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

"Nem sempre fomos bons rapazes". Comentário de José Rui Ferraz, ex-Furriel Miliciano da C.CAÇ. 4243

Amigo Vardasca
Permita-me que o trate assim, embora não tenha o prazer de o conhecer pessoalmente, você é das pessoas que não se conhecendo, logo à partida e pela maneira vertical como expressa as suas ideias se simpatiza.
Tem feito o favor de me enviar alguns E-mails que na generalidade tenho gostado, embora por motivos de ordem profissional, não tenha tido, até aqui, possibilidades de responder como desejaria e dado a minha opinião sobre assuntos versados.
Espero agora reverter essa situação se tal me for permitido, uma vez que chegou a altura de “encostar” às box´s após 47 anos de actividade laboral.
No caso da Guerra Colonial ou do Ultramar ou só da guerra de Moçambique, ou como lhe queiram chamar, todos os que por lá passaram têm uma maneira muito especial de dizer as coisas, o que para muitos foi um simples arranhão para outros são traumatismos profundos e inultrapassáveis.
Certo, certo é que quase todos os que por lá passaram, quando confrontados ou instados a falar sobre a guerra o fazem à sua maneira.
Das histórias contadas ressalta quase sempre o facto do “contador” ter passado aquilo que mais ninguém passou, ”ele” foi o herói, aquele que em condições adversas lutando contra tudo e todos conseguiu sempre dar a volta à situação, mercê do seu abnegando esforço e notável espírito de sacrifício etc. etc.
É pena não se lembrarem de contar as asneiras que também por lá fizeram, algumas por falta de preparação outras pela irreverência da juventude de que éramos portadores.
Embora não nos conhecendo pessoalmente muito provavelmente já nos cruzamos, pois eu fazia parte da Companhia de Caçadores 4243 que vos foi render a Muidine, no longínquo final de ano de 1972.
Digo longínquo ano de 72 tão longe no tempo e no entanto, por vezes, aqui tão perto, gravado no álbum de recordações que é a minha memória.
E é essa memória que não “branqueia” por nada o que os olhos viram, mas que muita boa gente faz por esquecer e a todo o custo tentam denegrir aqueles que continuam a chamar branco ao branco e preto ao preto.
Nem vale a pena relatar as atrocidades que tanto o “pessoal” como os civis cometeram contra as populações indefesas, já que passados estes anos todos, a generalidade dos intervenientes diz que sempre foram democratas que sempre trataram os negros bem etc. etc.
Muito do que é a memória colectiva é baseado na mentira e por isso nada melhor do que pôr uma “pedra” sobre o assunto, antes que se descubra que afinal alguns “democratas” eram e ainda são “faxos” de 1ª.
Atrever-me-ia a dizer QUE NEM SEMPRE FOMOS MAUS RAPAZES.
Pelo menos quando estávamos a dormir éramos “Good Boys” (mesmo assim era preciso não estarmos a sonhar).
Já me estou a alongar e a dar “seca” pelo que vamos ao que interessa e falemos do seu último (?) E-mail enviado por si e que como sempre li atentamente.
Já me tinha apercebido (como disse os afazeres profissionais eram muitos) que tinha ou andava a escrever memórias sobre a guerra colonial, e pode desde já contar que irei adquirir um exemplar “Do Tejo até ao Rovuma. Uma breve pausa num tempo das nossas vidas”, tanto mais que certamente ao relatar a sua vivência irá descrever também um pouco o que por lá passei.
Certamente versará temas relacionados com Muidine, Pundanhar, Palma, Nangade, Lago Namioca, O famoso "Trilho Turra" (ao Km 7).
Desejo-lhe, sinceramente, os maiores sucessos que certamente terá, pois a maneira serena como diz as coisas; o não enveredar por um “heroísmo” balofo que nesta altura é o que mais se vê por ai, primar por um relato objectivo descrevendo sempre da maneira mais simples o que pensa das diversas situações que por lá todos vivemos, tudo isso certamente fará do livro um sucesso e do seu autor alguém a respeitar.
É certo que muita gente irá refutar algumas afirmações, mas como disse atrás, o que para uns é um arranhão para outros é um profundo traumatismo.
Vão dizer que as coisas não foram bem assim, que até lhe explicam como tudo se passou, que se você puder dispor de um pouco do seu precioso tempo, eles que estavam por “dentro” das coisas podem lhe contar em pormenor o porquê das coisas ……………etc, etc.
Dirão que escreve assim, porque não conhece a pessoa; olhe que ele é e sempre foi uma excelente pessoa incapaz de prejudicar alguém.
Por isso é que é tão diferente o que os operacionais passaram daquilo que os “teóricos” falam.
Um abraço
E venha lá essa obra.
José Rui Ferraz

ex-Furriel Miliciano NM 179570/71
da Companhia de Caçadores 4243
Foto: José Rui Ferraz no Aquartelamento de Muidine (Moçambique 1972), e em destaque uma foto sua actual.