quinta-feira, 3 de junho de 2010

Rumo a Kytaia, em busca do Furriel Castro Guimarães

Exmos. Senhores Padre Jerónimo, Padre José Alexandre e Ronaldo, e toda a Comunidade Missionária Boa Nova em Malema. Nampula. Moçambique.

O assunto que me leva a entrar em contacto convosco e a pedir a vossa colaboração, de facto nada tem a ver com assuntos religiosos, mas foi uma das formas, e penso que os senhores padres compreenderão (entre tantas outras que tenho vindo desde há muito a encontrar) para tentar obter um contacto de alguma Comunidade religiosa que esteja radicada em Moçambique ou até mesmo na Tanzânia, e me possa ajudar nesta “odisseia” que já dura há alguns anos.
A Razão de eu ter mencionado o nome do Padre José Alexandre, prende-se com o facto de eu também morar em Alhos Vedros e ter pedido ao Padre Carlos desta paróquia, se conhecia algum padre seu conhecido em missão em Moçambique, tendo ele me indicado onde moravam os familiares do Padre José Alexandre e estes me terem facultado o seu endereço postal.
Por ser mais fácil via internet, através do Google cheguei ao vosso contacto e aqui estou a apresentar as minhas preocupações.
O facto é muito simples e, sem entrar em outros pormenores (porque a história do ocorrido a envio em anexo) resumidamente trata-se do seguinte:
Durante a guerra colonial, um soldado das nossas tropas (Furriel Castro Guimarães do qual envio foto) foi morto em combate em 15 de Novembro de 1972, nas margens do rio Rovuma, junto à fronteira com a Tanzânia.
O seu corpo foi levado pelos guardas fronteiriços daquele país, onde exibiram na sua comunicação social a captura daquele militar (junto foto desse jornal) de onde nunca mais se soube do seu paradeiro, tendo o mesmo sido considerado pelo exército português como “desaparecido em combate”.
Possivelmente, e como a aldeia tanzaniana mais próxima de onde se deu o incidente era a aldeia de Kytaia, pensamos que o seu corpo foi sepultado nas proximidades dessa mesma aldeia, estando eu (com o conhecimento da Liga dos Combatentes Portuguesa assim como dos familiares daquele militar) a tentar pesquisar e a encontrar contactos que me levem cada vez mais próximo daquela aldeia Tanzaniana, pois só assim, e tendo a certeza do local exacto da sua sepultura, é que a Liga dos Combatentes se compromete a intervir para a exumação do seu corpo.
Embora sabendo não ser a vossa Comunidade vocacionada para tratar destes assuntos, mas por saber que serão sensíveis a esta minha pretensão, e porque também até agora ainda não consegui os apoios necessários que me disponibilizem contactos que me levem cada vez mais próximo daquela aldeia tanzaniana, apenas pretendia da vossa parte, e uma vez que a vossa Comunidade se encontra em Moçambique, que me dissessem se têm alguma missão mais a norte, em Cabo Delgado (Nangade, Pundanhar, Nhica do Rovuma, Palma etc.) ou até mesmo na Tanzânia, próximo da aldeia de Kytaia (no sul deste país) e me pudessem facultar alguns contactos ou me ajudassem a obtê-los, de forma a eu poder entrar em contacto com as autoridades locais daquela aldeia e saber se de facto se lembram do ocorrido e dizerem onde sepultaram o corpo do referido militar.
Será possível a vossa Comunidade (caso tenham alguma missão naquelas aldeias Moçambicanas ou conheçam outras em missão na Tanzânia) facultar-me os contactos necessários ou até interceder junto das autoridades locais para saber em concreto onde o corpo do referido militar foi sepultado?
Há muito que os familiares deste militar desesperam para finalmente fazerem o seu luto, só possível com o regresso dos seus restos mortais à pátria.
Não lhes querendo tomar mais tempo, e apesar de ter dado conhecimento deste caso a todos vós, eu gostaria de poder falar sobre este assunto pessoalmente com o Padre José Alexandre, dado que (segundo a sua cunhada) ele virá a Portugal de férias em Junho, mais concretamente à vila de Alhos Vedros, com o qual teria imenso gosto conversar mais em pormenor sobre este caso.
Fico-vos imensamente grato pela vossa disponibilidade, aguardando com alguma ansiedade o vosso contacto.
Melhores cumprimentos

Carlos Vardasca
31 de Maio de 2010
Nota: Carta enviada aos missionários da Congregação Católica Boa Nova, radicados na aldeia de Malema, a norte da cidade de Nampula. Moçambique.

1 comentário:

costa disse...

Entao e os contactos via diplomatica nao adiatam nada?
Que me lembre acho q eles tambem estavam envolvidos nos contactos.