sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Cá estou eu, desde 21 de Setembro de 1949.

(...) É verdade! já lá vão cinquenta e oito anos. Não penso viver outros tantos, mas lá que me dá vontade... lá isso dá.
Há quatro anos que a II Grande Guerra Mundial findara, quando a Gracinda, com 24 anos de idade, dera entrada no Hospital S.José (Enfermaria de Santa Bárbara) para me parir com três quilos e trezentas gramas. A minha mãe viera muito cedo para Lisboa, "arrancada" aos 16 anos da aldeia de S.Pedro de Agostém, no Concelho de Chaves, para procurar novos horizontes e participar no progresso que diziam estar a acontecer na capital, mas que as muralhas de granito e o páraco da aldeia se habituaram a esconder das jovens que tentavam tal odisseia.
Muito cedo se enamorou de um ordenança, que cumpria o serviço militar no Regimento de Artilharia Anti-Aérea nº 1 em Queluz, devido ao seu farto cabelo repuxado para trás, besuntado de espessa brilhantina que diziam parecer-se com Rodolfo Valentino, e que fazia furor das raparigas no Mercado da Ribeira.
Antes que alguma sopeira o levasse, a Gracinda nunca mais o largou e, devido a eles, cá estou eu desde 21 de Setembro de 1949 (...)

Carlos Vardasca
1949-2007
Nota: Na foto estão Carlos Vardasca (pai) Gracinda Vardasca (mãe) e Carlos Vardasca (filho)

2 comentários:

MÓNICA disse...

MUITOS PARABÉNS PAI TUDO DE BOM E TODA A FELICIDADE DO MUNDO.BJS

Carlos Vardasca disse...

Nasci
Olhei à minha volta e
senti-me parido de ninguém.
Gritei para dentro de mim e não me ouvi.
Tentei abraçar alguém que era vento e nada senti.
Corri, andei à procura; tudo era vazio e mergulhei no nada.
Tudo parecia sorrir
mas nada sabia a quem.
Andei por aí,
por aí andei.