sábado, 8 de novembro de 2008

"Devolver o Furriel Guimarães à pátria"


Ontem, dia 07 de Novembro, recebi um telefonema do General Gamito da Liga dos Combatentes, onde este me informava de que na próxima segunda feira (dia 10 de Novembro) se deslocará às instalações da Liga dos Combatentes uma delegação da ACLLN - Associação de Combatentes da Luta de Libertação Nacional de Moçambique, associação formada por antigos guerrilheiros da FRELIMO, visita efectuada no âmbito do protocolo existente entre as Associações de Combatentes de ambos os países.
Segundo o mesmo General, para além dos diversos assuntos a tratar, irá ser entregue àquela delegação um dossier completo com todas as informações relacionadas com o desaparecimento do Furriel Guimarães, juntamente com o documento que elaborei onde se relatam as circunstâncias do seu desaparecimento nas margens do rio Rovuma em 15 de Novembro de 1972, assim como também sensibilizar aquela delegação no sentido de colaborarem na procura dos seus restos mortais, dada a estreita relação que o Governo de Moçambique e a FRELIMO em particular detêm junto das autoridades tanzanianas.
Aproveitando a oportunidade da vinda a Portugal da delegação dos ex-combatentes da FRELIMO, solicitei ao Sr. General se seria possível marcar uma audiência comigo e a referida delegação, para que eu pudesse pessoalmente expor com exactidão como ocorreram os factos naquele dia trágico e sensibilizá-los para que iniciassem os contactos com as autoridades tanzanianas, mais concretamente com as representadas na aldeia de Kytaia onde possivelmente o Furriel Guimarães estará sepultado, dado ser a aldeia mais próxima das margens do rio Rovuma e do local onde o mesmo foi abatido e capturado.
Tendo em conta que a agenda daquela delegação decerto que estará um pouco preenchida, aquele responsável da Liga dos Combatentes adiantou-me no entanto que iria junto da mesma saber da possibilidade da audiência se poder realizar, contactando-me para o efeito no caso da mesma ser possivel de concretizar.
Para além da importância de me reunir com ex-combatentes da FRELIMO contra quem nós portugueses combatemos no conflito colonial que nos opôs, seria também extremamente gratificante colocá-los pessoalmente ao corrente deste caso que decerto os irá interessar, apesar de se reconhecerem as dificuldades logísticas para encetar tal operação de resgate do corpo de referido militar, por se encontrar num país estrangeiro e sem representação diplomática em portugual, a avaliar pelas dificuldades já encontradas na busca e identificação das campas dos numerosos combatentes que ainda hoje permanecem sepultados noutros países, como é o caso da Guiné, Angola e Moçambique.
"Porque nunca devemos desistir, não devemos deixar morrer a ideia de devolver o Furriel Guimarães à pátria"
Carlos Vardasca
08 de Novembro de 2008
Foto: O Furriel Guimarães (fardado de GEs) junto de Companheiros da Companhia de Caçadores de Moçimboa da Praia. Palma (Moçambique) 1971

1 comentário:

Pitas disse...

Camaradas intervenientes neste caso,acabo de ler esta notícia e passado todo este tempo o que se poderá saber sobre tão delicada questão? Se possível informem. Obrigado.
Ex-Fur. Mil.