terça-feira, 8 de abril de 2008

"Eles estavam em todo o lado onde houvesse resistência"


(...) Quando se iniciou a Guerra Colonial, o esforço da PIDE-DGS em tentar controlar todos os movimentos que lhes parecessem subversivos, fez com que esta polícia política fizesse destacar agentes seus para a maioria dos Aquartelamentos situados nas zonas de conflito, em especial para o norte de Moçambique onde a guerra era mais intensa. Não era difícil descortinar no meio de tanto militar e das populações dos aldeamentos onde andava um agente da PIDE-DGS, pois eles passeavam-se por Nangade exibindo a sua indumentária colonialista, assistindo sempre à chegada dos helicópteros ou dos Táxi-aéreos ou assistindo a qualquer cerimónia oficial.

Sempre que eram capturados elementos da guerrilha da FRELIMO, lá estavam eles, depois do tradicional interrogatório que era sempre violento, a encaminhá-los para o Táxi-aéreo para serem levados para a Ilha do Ibo e aí serem encarcerados até à sua libertação que não se sabia quando ou até serem esquecidos.

Pior sorte (dizia-se no "jornal da caserna" mas também confirmado por alguns pilotos) tinham aqueles guerrilheiros que eram transportados de helicóptero e não chegavam ao seu destino.

Alguns guerrilheiros (dizia-se), depois de devidamente amarrados e introduzidos no helicóptero e este levantar voo, antes de chegar ao seu destino eram lançados sobre o Oceano Índico tendo uma morte horrenda, sendo esta prática uma violação dos mais elementares direitos humanos dos prisioneiros em tempo de guerra, consagrados na Convenção de Genebra em 1949 (...)

Carlos Vardasca
08 de Abril de 2008

Foto: Dois guerrilheiros da FRELIMO aguardam o embarque no Táxi-aéreo que os levará para a prisão na Ilha do Ibo. O indivíduo que está de costas é o famigerado agente da PIDE-DGS destacado no Aquartelamento de Nangade.

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