Entre o acontecimento que ficou conhecido como a Revolta de Haymarket em 1886 com uma manifestação operária nas ruas de Chicago, com a finalidade de reivindicar a redução da jornada de trabalho para as 8 horas e o 25 de Abril em Portugal, muita onda de indignação se gerou no mundo, às quais os povos souberam engrossar grandes torrentes de descontentamento e desencadearam movimentos de protesto contra as ditaduras, pela liberdade de expressão e organização sindical e pela libertação dos povos sujeitos à opressão colonial.
Entre a Revolta de Haymarket que continuou nos dias seguintes e que vitimou dezenas manifestantes e o Maio de 68 em França, gerou-se uma ruptura nas mentalidades por um novo conceito de ensino, pelo fervilhar de uma nova postura nas formas de estar e no modo de vida das sociedades. Em Maio de 68 os estudantes ao revoltaram-se contra as rotinas do Estado Burguês tiveram um papel primordial na defesa dos princípios da autodeterminação das Universidades com a ocupação de algumas delas como a de Sorbonne em França, e desencadearam um movimento de massas a que aderiu grande parte do operariado francês como forma libertadora de um estado autoritário e castrador das liberdades individuais, que teve reflexos emancipadores em todo o mundo e nas gerações seguintes.
Desde a Revolta de Haymarket em 1886 e o início da Guerra Colonial em 1961, muitos Impérios sucumbiram à força avassaladora dos ideais de liberdade que romperam com as grilhetas da escravidão, fazendo nascer em toda a África (que era um dos palcos para todas as formas de exploração humana e dos seus recursos naturais) vários movimentos de libertação com espírito nacionalista que se levantaram contra a opressão através da luta armada, expulsando o colonialismo dos seus territórios, respondendo aos vários apelos que ecoaram por toda a África e que apelavam ao levantamento dos povos contra o sistema colonial, inspirados em frases que ficaram célebres, entre as quais também se dizia:
Quando os brancos chegaram a África,
nós tínhamos as terras e eles a bíblia.
Ensinaram-nos a rezar de olhos fechados
e quando os abrimos,
eles tinham as terras e nós a bíblia.(1)
Desde a Revolta de Haymarket em 1886 até à Guerra do Vietname que durou desde 1959 a 1975, muitos mitos de invencibilidade caíram por terra como se fossem "tigres de papel", personificada na derrota dos EUA frente aos guerrilheiros Vietcong que lhes infligiram uma humilhante derrota no campo de batalha, assim como todos os Impérios coloniais que ruíram como se fossem "um baralho de cartas".
Recordar a Revolta de Haymarket nos dias de hoje e neste 1º de Maio de 2008, é envolvermo-nos em outras formas de luta mais actuais contra o conceito neoliberal do pensamento único, que tenta também em Portugal (com a cumplicidade dos vários governos que se têm alternado no poder desde o 25 de Abril), amordaçar e aniquilar a liberdade individual dos cidadãos, criar-lhes dificuldades no acesso ao ensino, à saúde e ao emprego, acentuar as desigualdades sociais, limitar-lhes a criatividade e formatar-lhes as ideias para melhor gerir o seu domínio à escala mundial.
Sendo este um dos lados mais perversos da globalização em curso, penso que os trabalhadores não devem desistir de lutar por uma Europa mais social, onde os valores da solidariedade seja um dos factores do progresso e da emancipação dos povos, onde se respeite a verdadeira identidade cultural das nações, por uma Europa que sirva as aspirações dos povos e não das multinacionais.
Carlos Vardasca
1º de Maio de 2008
Fotos: Cartaz de Maio de 68 e manifestação nas barricas nas ruas de Paris.
(1) Jomo Keniatta
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