quarta-feira, 7 de maio de 2008

Desaparecido em combate em 15 de Novembro de 1972


Em tempos, foi assumido pelos organismos oficiais ligados ao exército, de que durante a guerra Colonial não foram registados casos relacionados com elementos do exército português que tivessem desaparecido em combate. Hoje é sabido que muitos militares foram sepultados junto aos Aquartelamentos onde estavam estacionados e, embora tardiamente, actualmente já se desenvolvem esforços no sentido de se procurarem os locais das sepulturas para serem exumados, devolvendo os seus restos mortais a locais mais dignos e mais próximo dos seus familiares, assim como ao solo pátrio que os viu partir e deles se esqueceu até aos dias de hoje, como foi o caso deste militar que é referido no documento em anexo, que o exército português na altura nem se dignou a dar qualquer justificação aos seus familiares do ocorrido.
Quanto aos soldados desaparecidos em combate e que o Estado português se recusa a reconhecer, aqui deixo um testemunho para que as entidades oficiais e outras organizações, nomeadamente a Liga dos Combatentes se interessem pelo caso, desenvolvendo os esforços e as diligências necessárias para que uma delegação sua se desloque ao sul da Tanzânia, mais concretamente à aldeia de Kytaia junto ao rio Rovuma, para que os restos mortais do Furriel Guimarães (1) sejam encontrados e devolver a tranquilidade à sua mãe (2) e restantes familiares, que há muito se sentem privados do sossego que lhes é devidamente merecido, por viverem em constante angústia pela ausência daquele seu ente querido, sepultado algures num país estranho e em lugar incerto.
O artigo que elaborei e que pode ser lido na íntegra aqui e que vai ser enviado a todas as entidades oficiais e organizações relacionadas com os ex-combatentes da Guerra Colonial, tem a finalidade de sensibilizar todos quantos o lerem assim como as entidades oficiais, para que estas "não deixem que a memória se apague" sobre um conflito de má memória que nos "arrancou um pedaço da nossa juventude", cujo capítulo ainda não se encontra encerrado enquanto não forem devolvidos à pátria "todos quantos nela tombaram sem jeito nem prosa".
Carlos Vardasca
07 de Maio de 2008
Mapa: Localização da aldeia de Kytaia na Tanzânia, onde supostamente estará sepultado o Furriel Guimarães (na foto) e localização dos vários Aquartelamentos das tropas portuguesas na região a norte de Moçambique e próximo do rio Rovuma onde o acidente ocorreu.
(1) João Manuel de Castro Guimarães, Furriel Miliciano NM 12619071 natural de Fafe.
(2) Foi Directora do Conselho Directivo da Escola Secundária de Fafe.



1 comentário:

Filipe Pinto disse...

Obrigado. Estmos a fazer justiça histórica. E assim o pvo anónimo, mais uma vez, vem tapar as lacunas organizativas, daqueles que nos mandaram para o pântano.