

Vem a propósito mais uma vez lembrar este trágico desaparecimento e prestar esta breve homenagem no aniversário do seu falecimento, dado que hoje mesmo estive em contacto com ex-Furriel Francisco Felício também pertencente à CCS da Companhia de Caçadores 3874, muito amigo do Furriel Guimarães, com quem conviveu desde o seu embarque para Moçambique em Lisboa no dia 18 de Fevereiro de 1972 , e durante os cerca de nove meses no Aquartelamento de Moçimboa do Rovuma onde aquela Companhia ficou estacionada.
Da breve descrição que fez do Furriel Guimarães, ressaltou o seu espírito de bravura e abnegação perante o perigo, coragem nas missões que desempenhava por vezes pondo em risco a sua própria vida, como era hábito fazê-lo quando ele próprio desmontava as minas anti-carro quando eram detectadas na picada em vez de as fazer explodir à distância.
Do período que com ele conviveu lembrou o seu forte espírito de camaradagem, reconhecendo-lhe no entanto uma certa irrequietude e um elevado sentimento de aventura, o que o levou a oferecer-se para os GEs depois de ter desabafado com aquele seu amigo, apesar do Aquartelamento de Moçimboa do Rovuma ser bastas vezes atacado pela FRELIMO:
- "Isto aqui em Moçimboa do Rovuma é muito monótono. Há poucos tiros e vou mas é oferecer-me para os GEs que ali a luta dá mais entusiasmo".
Foi este espírito irrequieto que o fez oferecer-se para os GEs 212, sendo destacado para o Aquartelamento de Nhica do Rovuma e aí encontrar a morte muito próximo da fronteira, em circunstâncias muito trágicas, tendo sido levado para a Tanzânia, possivelmente para a aldeia de Kytaia onde se presume estar sepultado o seu corpo.
Renovo daqui o meu apelo à Liga dos Combatentes, à Associação de Combatentes da Luta de Libertação Nacional (Moçambique) bem assim como a todas as Associações de ex-combatentes da Guerra Colonial existentes para que, dentro das suas possibilidades (pois são mais que reconhecidas as dificuldades) encetem esforços junto das autoridades tanzanianas, mais concretamente junto da aldeia de Kytaia para que o local da sua sepultura seja encontrado os seus restos mortais sejam devolvidos à pátria e aos seus familiares, e o seu nome se junte aos restantes combatentes inscritos no Monumento aos Combatentes em Belém, onde muito justamente sempre pertenceu lá estar e de onde tem sido incompreensivelmente arredado.
Carlos Vardasca
15 de Novembro de 2008
Fotos 1-2: O Furriel Guimarães aos 15 e 20 anos de idade.
Foto 3: Mapa da localização do Aquartelamento de Nhica do Rovuma e da aldeia tanzaniana de Kytaia onde se presume que o seu corpo esteja sepultado.