sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ex-combatente em greve de fome por mais direitos

Protesto. Presidente da ADFA/Viseu exige assistência na doença

O presidente da delegação de Viseu da Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA) iniciou uma greve de fome para exigir assistência na doença aos ex-combatentes do ultramar. Só no distrito de Viseu são 800 militares que combateram em África, Timor e Índia e que viram os direitos reduzidos. A situação agravou-se com o encerramento do Hospital Militar de Coimbra, o que obriga os deficientes a recorrerem às unidades de saúde militar de Lisboa e Porto.
João Gonçalves anda "há anos a lutar pelos direitos dos militares que serviram a pátria e que hoje têm uma mão cheia de nada", desabafa.
O ex-combatente está "indignado com as últimas leis aprovadas pelo governo que nos retirou os poucos direitos que tínhamos". O militar iniciou ontem uma greve de fome e promete ir até "às últimas consequências. Se for preciso morrer, que seja, mas não aguento mais tanto sofrimento. Todos os dias vêm aqui ex-militares pedir ajuda que não podemos dar".
As recentes alterações introduzidas na lei que regulamenta a assistência na saúde aos militares das Forças Armadas fizeram com que os militares deixem de ser assistidos nos hospitais civis.
"Antes, os ex-combatentes e antigos militares podiam ir ao hospital da sua área de residência porque eram abrangidos pela assistência de saúde a que os militares têm direito. Neste momento, só temos direito a essa assistência nos hospitais militares do Porto e Lisboa porque entretanto encerrou o de Coimbra".
Outra reivindicação prende-se com a actualização das pensões dos deficientes das Forças Armadas que "deixou de ser igual ao salário mínimo para passar a ser idêntico ao indexante de apoio social". Na prática "a pensão baixou-nos de 426 para 407 euros" revela o presidente.
João Gonçalves promete "ficar na delegação de Viseu da ADFA até morrer ou até que nos encontrem uma solução justa para o nosso problema", afirma.
in "Diário de Notícias" 29 de Novembro de 2008. Amadeu Araújo. Viseu
Não sei o que irá resultar desta forma de luta encetada por este nosso companheiro ao qual lhe presto a minha solidariedade, mas de uma coisa tenho já a certeza.
A lentidão e o ignorar sistemático na resolução do apoio médico aos ex-combatentes da Guerra Colonial e outros militares (assim como à maioria da população que se viu privada dos seus centros médicos) contrasta com a rapidez com que o actual governo se prestou a auxiliar os grandes banqueiros pelos seus erros de gestão (dos quais deveriam ser eles os responsabilizados e arcar com as consequências), sempre à custa dos dinheiros dos contribuintes (que ao longo de muitos anos têm sido espoliados pela totalidade das instituições bancárias) verbas que deveriam ser investidas no apoio à assistência médica e social, na educação, no emprego, na ajuda aos mais necessitados aumentando o ordenado mínimo nacional e as pensões de reforma que, por exíguos que são, "continuam a perder-se na profundidade dos bolsos" de quem deles faz o seu magro sustento e sobrevive diariamente com dificuldades convivendo com a miséria, perante a ostentação e o novo riquismo que os governantes se apressaram a "salvar do naufrágio".
Carlos Vardasca
05 de Dezembro de 2008

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