quinta-feira, 29 de abril de 2010

"A Guerra", de Joaquim Furtado, de novo na RTP

(...) Mais uma fornada de seis episódios de "A Guerra", série documental assinada por Joaquim Furtado, está prestes estrear na RTP1.
Dia 5 de Maio começa em horário nobre a primeira parte da terceira e última temporada, que versa o período entre 1969 e 1973.
"Grosso modo relatam a evolução do Marcelismo e início do declínio do regime, além do agravamento da situação militar das forças armadas portuguesas em África".
Foi assim que o jornalista Joaquim Furtado resumiu o conteúdo dos novos capítulos de "A Guerra" que, a partir da próxima quarta-feira, estarão no ar, semanalmente, na antena do primeiro canal do Estado.
Factos desconhecidos e cuja divulgação foi embargada serão trazidos à liça nestas cerca de 7 horas de programa. Os casos da operação "Mar Verde", na Guiné, ou de "Cabora Bassa", em Moçambique, constituem exemplo disso. Traçar-se-á ainda o retrato "de figuras de peso da Guerra Colonial, como António Spínola, Jorge Jardim, ou Kaulza de Arriaga", avançou o autor, que soma quase 10 anos de dedicação a este trabalho.
O princípio do fim.
Trata-se da primeira parte do pacote de capítulos final de "A Guerra". Os oito que faltam têm exibição prevista ainda para este ano. Quem o adiantou foi José Fragoso, director de Programas da RTP1, tendo apontado, para o efeito, o terceiro trimestre de 2010.
Joaquim Furtado está, desta feita, prestes a cortar a meta. Mas tem já outros projectos na calha. Um livro acerca de "A Guerra" poderá ser um deles. "É algo que tenho vindo a adiar, mas é uma possibilidade", disse. Bem como é provável que transfira ideias "sobre outras épocas recentes da história portuguesa" pouco descortinadas, para material televisivo (...)

Artigo de ELSA PEREIRA
In: "Jornal de Notícias" 29 de Abril de 2010
Foto: A Companhia de Caçadores 758, descança durante uma operação de combate.

sábado, 24 de abril de 2010

Onde está o Abril que nos deixaram?

Andei a ver se via
O caminho a percorrer
Entre o Abril que fizemos
E o que está por fazer

José Fanha
Ilustração de Henri Cartoon.
Foto: Soldados Pára-quedistas em 25 de Novembro de 1975.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Ainda bem que o leão não era da FRELIMO"

Naquele dia o Grupo de GEs 210[1] seguia a corta-mato com destino a Nangade, vindo de uma operação de quinze dias na Base Beira, um dos redutos da FRELIMO situados no interior de Moçambique.
Desse grupo de combate faziam parte os Furriéis “Vilela”
[2] e Diamantino[3], ambos da Companhia de Caçadores 3309, posteriormente destacados para os GEs 210 comandados por este último.
Já no seu regresso, e porque aquela zona onde seguiam a corta-mato era muito perigosa, decidiram forçar o andamento para poderem pernoitar já mais próximo de Nangade.
Chegados a uma zona que consideraram segura, instalaram-se no meio do capim para ali passar a noite, tendo os soldados formado um círculo onde os graduados se instalaram no centro.
Com a noite já acomodada e todo o grupo de combate enroscado nas capas de oleado para se protegerem do cacimbo, tudo corria bem até que um leão (possivelmente solitário) aproximou-se sem que ninguém desse por isso, penetrou no círculo de segurança e cravou as garras num braço e nas nádegas do Tomás
[4] mas sem qualquer gravidade, rugindo insistentemente que mais parecia um daqueles trovões que ecoam na época das chuvas.
Gerou-se tremenda confusão, com todo o pessoal a gritar “Simba, Simba”
[5], seguindo-se um violento e medonho tiroteio sem que ninguém, com a atrapalhação, se preocupasse em que direcção estava a disparar.
No meio de toda esta confusão que se gerou, o Diamantino tentou pôr-se de pé para ordenar o cessar-fogo mas, percebendo o perigo que isso representava, o Furriel “Vilela” agarrou-lhe de imediato pelas costas empurrando-o para trás dizendo-lhe:
― “Deita-te senão ainda levas com um tiro nos cornos”.
Entretanto, e depois de o tiroteio parar, verificou-se que o leão assustado tinha acabado por fugir no interior da mata, sentindo-se a necessidade de se acender uma fogueira para afugentar uma nova intromissão de qualquer animal no perímetro defensivo daquele grupo de combate.
Aquilo que era para ser uma noite tranquila depois de tantos quilómetros de caminhada, transformou-se numa noite de pesadelo, ouvindo-se alguém dizer (já depois de os GEs 210 terem abandonado o local, pois temia-se que todo aquele tiroteio pudesse ter denunciado a sua presença na área) já quando o grupo de combate caminhava em direcção ao Aquartelamento de Nangade:
― “Porra! ― Ainda bem que o leão não era da FRELIMO”.

Carlos Vardasca
15 de Abril de 2010
Nota: Este texto foi escrito com base num depoimento do ex-Furriel “Vilela”.
Foto: O então General Kaúlza de Arriaga passando revista aos GEs 210 em Nangade (26 de Dezembro de 1971), vendo-se por detrás deste o Alferes graduado Diamantino, e na frente da formatura (por detrás do oficial de óculos escuros) o Furriel Miliciano "Vilela" ambos da Companhia de Caçadores 3309.
[1] Grupos Especiais. Grupos de Combate formados essencialmente por homens recrutados nos aldeamentos locais, mas regra geral comandados por graduados destacados das Companhias vindas da “Metrópole”.
[2] José Manuel de Sousa Pereira, ex-Furriel Miliciano NM 12635270 da Companhia de Caçadores 3309, destacado para integrar os GEs 210.
[3] Joaquim Diamantino Trindade Rodrigues, ex-Furriel Miliciano NM 11599169 da Companhia de Caçadores 3309, posteriormente graduado ao posto de Alferes e destacado para comandar os GEs 210.
[4] Soldado de etnia Macua, recrutado no aldeamento de Nangade para integrar os GEs 210.
[5] Leão, em dialecto Macua.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Encontro Nacional do Batalhão de Caçadores 3834. Praia de Mira 2010

Clique no documento para o visualizarFotos do Encontro Nacional do Batalhão de Caçadores 3834, realizado no passado Domingo, dia 11 de Abril de 2010 na localidade de Praia de Mira, enviadas por José Albuquerque Dias, ex-Alferes Miliciano da Companhia de Caçadores 3310.
No referido Encontro, para além da confraternização e do estreitar de velhas amizades forjadas nos momentos mais difíceis do conflito colonial, foram também lembrados todos os companheiros do nosso Batalhão que tombaram em combate, que foram chamados em voz alta, a que todos em uníssono responderam em seu nome: - "PRESENTE".
Carlos Vardasca
14 de Abril de 2010