sábado, 26 de novembro de 2011

Daniel Alves Mendes. "Mais uma baixa nas nossas fileiras"

O Daniel (o terceiro a contar da esquerda) na companhia do Lobo, Portugal e do Carvalho. Aquartelamento de Tartibo, 1971. Em destaque uma foto sua mais actual.
O Daniel (ao centro) na companhia do Manuel Gonçalves e do Barreiras. Aquartelamento de Nangade, 1972
O Daniel (numa foto mais recente) na companhia do seu filho mais novo. Bobadela 2010
Camaradas e amigos
É com enorme sentimento de pesar e mágoa, que se comunica a todos o falecimento de Daniel Alves Mendes, ex-1º Cabo Atirador NM 13512970 do 3º Pelotão da Companhia de Caçadores 3309.
Este nosso companheiro era morador na Bobadela - Loures, tinha 61 anos de idade, e faleceu de ataque cardíaco em 21 de Novembro de 2009.
Só muito recentemente é que soubemos do seu falecimento e, por esse facto, foram apresentadas as condolências e pesares aos seus familiares em nome de todos nós, lamentando não o termos feito antes apenas por desconhecimento do ocorrido.
Ao Daniel, aqui fica o nosso abraço solidário.

Carlos Vardasca
26 de Novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Viagem a Moçambique (Informação)

Vista aérea do Aquartelamento de Nangade. Moçambique 1971
 Cidade de Maputo (ex Lourenço Marques) Moçambique 1971
Camaradas, amigos Cocuanas;
Saudações Cordiais.
 Estamos seriamente a pensar numa viagem de regresso a MOÇAMBIQUE, com a descoberta de um novo País e a memória de um passado mais ou menos recente, cujo promotor é o Sr. Heitor Ribeiro, através da Associação dos ex-combatentes, com sede em Lisboa.
Será uma viagem de onze dias com partida de Lisboa/Maputo/Lisboa e voos internos visitando; Maputo,Pemba-Mueda-Macomia-Chai-Antadora-NANGADE-Pundanhar-Palma-Mocimboa-Nampula-Nacaroa.
Excursões opcionais: Safari Kruger/Barragem Libombos.
Será o recordar nostálgico de saudade, acompanhado de um misto de alegria/sentimento e cujos trilhos outrora partilhados e amaldiçoados soam a meras memórias.
Eu sei que o momento não é de todo o mais favorável, mas acredito que tempos melhores virão. Ainda falta algum tempo e estamos habituados a apertar o cinto. O preço é significativo, mas poderemos pagar em  prestações, consoante a modalidade escolhida.
Em 2011 seriam 2575 €, mas em 2012 deverá ser um pouco mais, ou manter-se-á, dependendo das circunstâncias dessa altura.
Esta viagem far-se-á com o mínimo de 20 pessoas.
Quantos mais… melhor (menor o preço).
Um ganda abraço cocuana
João Arteiro
Vila do Conde, 23 de Novembro de 2011
Nota: Em face desta informação, vamos pensar nesta oportunidade, e estarmos todos atentos às informações que nos forem chegando, de forma a que possamos decidir mediante as datas que nos forem apresentadas, o programa da viagem em concreto e os respectivos preços devidamente actualizados.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Desaparecido em Combate

Companheiro, camarada e amigo e todos aqueles que queiram interiorizar aquele fatídico acontecimento.
Por si só, a atitude político militar assumida pelas autoridades portuguesas à época, bem como as actuais, é demonstrativa do que representa o povo para o poder instalado. Numa palavra, nada.
Servem-se dele a seu belo prazer, não para o bem e para o mal; isso é nos casamentos, mas apenas para o mal.
Nunca cultivei grandes princípios de natureza política, costumo até dizer que me considero “ não alinhado “.
Tudo isto para não deixar em claro o teu último artigo sobre o “ Caso Guimarães “.
Se bem te lembras quando iniciámos os nossos comentários sobre este assunto, a que mais tarde deste eco no teu blogue, alertei-te para as dificuldades que irias encontrar, no sentido do esclarecimento total deste acto de guerra, que deu origem infelizmente ao desaparecimento deste nosso camarada, e amigo pessoal do signatário, como também, aquele que o viu vivo pela última vez, com excepção dos militares GE’s 212 que o acompanhavam.
Dificuldades provenientes do tempo decorrido entre o acto em si e a altura em que começaste a trazer à luz do dia, e ao conhecimento publico, tão triste acontecimento.
Para mim, directo participante neste acontecimento, o que mais me entristece é e foi, a forma como as autoridades, quer no tempo próprio, quer a esta longa distância, se demarcaram de procurar a verdade.
Tratou-se sem dúvida de um caso embaraçoso, mas não houve vontade política de qualquer espécie, no sentido de trazer paz à família, bem como a mim próprio, pois ainda tenho na mente este acontecimento e que desaparecerá somente, quando eu também já por cá, não andar.
A forma como as autoridades trataram este assunto à época, “ seu filho desaparecido”, não se sabe se vivo ou morto…”, sem nunca mais voltarem à carga, demonstra bem o seu empenho no esclarecimento de questões complicadas.
Éramos e mais contemporaneamente falando, somos, carne para canhão
Vê-se agora com a tal crise. Quem a paga? O soldado desta guerra. O povo.
Meu amigo; o teu esforço valeu e vale a pena. Este caso passou a ser do conhecimento de muitos camaradas nossos, e talvez nos ajude a ver melhor “a carta que somos neste baralho” de interesses que não são por certo, os nossos.
Deixemos o Guimarães em paz. Ele merece este nosso carinho. Ele sabe como nós gostamos dele.
Filipe Cardão Pinto
Ex-responsável pelo Grupo Especial GE’s 212 
do Aquartelamento de Nhica do Rovuma
Cabo Delgado. Moçambique
16 de Novembro de 2011
Foto: O Furriel Pinto à saída do Aquartelamento de Nhica do Rovuma, no comando do Grupo Especial GE’s 212, no início de uma operação de reconhecimento. Cabo Delgado, Aquartelamento de Nhica do Rovuma. Moçambique 1972.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

"Um esforço que tem sido inglório"

Faz hoje precisamente trinta e nove anos, que aquele cenário dramático ocorreu nas margens do rio Rovuma, na fronteira com a Tanzânia.
O desaparecimento em combate do Furriel Castro Guimarães no dia 15 de Novembro de 1972 é sobejamente conhecido através do meu artigo de opinião intitulado “Desaparecido em Combate” e da sua constante divulgação no blogue “Do Tejo ao Rovuma”, tendo sido uma luta constante (através de contactos permanentes com os diversos organismos e entidade oficiais) com o objectivo de (numa primeira fase) se chegar o mais perto possível da aldeia de Kytaia na Tanzânia (onde supostamente se pensa ter sido sepultado pelas autoridades tanzanianas) e numa fase posterior (se ainda for possível) recuperar os seus restos mortais e devolvê-los à pátria.
Apesar dos vários pedidos de colaboração enviados às diversas entidades e organismo oficiais contactados, até ao momento nada de novo há a registar, limitando-me hoje apenas a descrever as diligências por mim efectuadas no sentido de contribuir para a resolução deste caso.
 04 de Maio de 2008 Elaboração do artigo “Desaparecido em Combate” e enviado à Comunicação Social: Jornais Expresso, Público, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Revista Visão, Revista Sábado e jornal “O RIO”, Rádio Televisão Portuguesa (RTP), assim como a vários órgãos de comunicação social de Moçambique.
07 de Maio de 2008  Divulgação de “Desaparecido em Combate” junto da Liga dos Combatentes, Associação de Veteranos de Guerra, Associação dos Deficientes das Forças Armadas, dos Blogues “Guerra do Ultramar” e “Luís Graças & Camaradas da Guiné”, Arquivo Histórico Militar, Associação de GE-GEP, Associação 25 de Abril, Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, APOIAR (Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra) Coronel Câmara Stone, Adido Militar de Defesa na Embaixada de Portugal em Maputo (Moçambique) e Amnistia Internacional.
13 de Maio de 2008 “Desaparecido em Combate” enviado em carta a todos os Grupos Parlamentares de Assembleia da República.
15 de Maio de 2008 “Desaparecido em Combate” enviado à Embaixada de Moçambique em Portugal.
26 de Maio de 2008 “Desaparecido em Combate” enviado para o Ministério dos Assuntos dos Antigos Combatentes de Moçambique.
17 de Julho de 2009 “Desaparecido em Combate” enviado ao Tenente Coronel Álvaro Diogo da Liga dos Combatentes.
23 de Novembro de 2009 “Desaparecido em Combate” enviado ao Presidente de Moçambique Armando Guebuza, à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e à Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (Moçambique).
07 de Abril de 2010 “Desaparecido em Combate” enviado à Comunidade Católica de Stº Egídio radicada na Tanzânia, e ao Padre José Alexandre da Paróquia S. Miguel Arcanjo da Comunidade Missionária Boa Nova radicada na aldeia de Malema em Moçambique.
10 de Setembro de 2010 Encontro em Alhos Vedros com o Padre José Alexandre dos Missionários da Comunidade da Boa Nova, a quando da sua deslocação a Portugal, onde lhe expus pessoalmente todo o processo relacionado com o Furriel Castro Guimarães, onde prometeu toda a sua colaboração.
15 de Novembro de 2010 “Desaparecido em Combate” enviado em carta ao Embaixador da República Unida da Tanzânia em Paris (França).
11 de Agosto de 2011 Carta enviada ao Padre José Alexandre dos Missionários da Comunidade da Boa Nova radicada na aldeia de Malema (Moçambique), a relembrar-lhe do caso do Furriel Castro Guimarães, saber se das diligências que disse ir efectuar se já tinha alguns dados concretos sobre o mesmo.
Tem sido de facto um esforço inglório, tendo em conta as individualidades e organismos oficiais contactados, sem que de qualquer das partes haja pelo menos uma resposta, à excepção da Liga dos Combatentes, que se comprometeu intervir no caso desde que se saiba o local exacto onde aquele militar poderá estar sepultado, bem assim como da colaboração prometida do Padre José Alexandre.
Apesar destes contratempos e reconhecendo que este caso é bastante complexo e de difícil e demorada resolução, nada me demove desta missão de tentar saber onde se encontram sepultados os restos mortais do Furriel Castro Guimarães e devolvê-los à pátria, mas também exigir que o seu nome seja inscrito no Monumento dos Combatentes em Belém, ao lado dos seus companheiros que tombaram na Guerra Colonial, de onde foi arredado por o regime do Estado Novo o ter injustamente considerado um desertor (versão contrariada por todos os militares que presenciaram aquela operação a quando do seu falecimento em combate nas margens do rio Rovuma no dia 15 de Novembro de 1972) e que a democracia saída do 25 de Abril de 1974 ainda não lhe soube restituir a dignidade.
Carlos Vardasca
15 de Novembro de 2011