terça-feira, 15 de novembro de 2011

"Um esforço que tem sido inglório"

Faz hoje precisamente trinta e nove anos, que aquele cenário dramático ocorreu nas margens do rio Rovuma, na fronteira com a Tanzânia.
O desaparecimento em combate do Furriel Castro Guimarães no dia 15 de Novembro de 1972 é sobejamente conhecido através do meu artigo de opinião intitulado “Desaparecido em Combate” e da sua constante divulgação no blogue “Do Tejo ao Rovuma”, tendo sido uma luta constante (através de contactos permanentes com os diversos organismos e entidade oficiais) com o objectivo de (numa primeira fase) se chegar o mais perto possível da aldeia de Kytaia na Tanzânia (onde supostamente se pensa ter sido sepultado pelas autoridades tanzanianas) e numa fase posterior (se ainda for possível) recuperar os seus restos mortais e devolvê-los à pátria.
Apesar dos vários pedidos de colaboração enviados às diversas entidades e organismo oficiais contactados, até ao momento nada de novo há a registar, limitando-me hoje apenas a descrever as diligências por mim efectuadas no sentido de contribuir para a resolução deste caso.
 04 de Maio de 2008 Elaboração do artigo “Desaparecido em Combate” e enviado à Comunicação Social: Jornais Expresso, Público, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Revista Visão, Revista Sábado e jornal “O RIO”, Rádio Televisão Portuguesa (RTP), assim como a vários órgãos de comunicação social de Moçambique.
07 de Maio de 2008  Divulgação de “Desaparecido em Combate” junto da Liga dos Combatentes, Associação de Veteranos de Guerra, Associação dos Deficientes das Forças Armadas, dos Blogues “Guerra do Ultramar” e “Luís Graças & Camaradas da Guiné”, Arquivo Histórico Militar, Associação de GE-GEP, Associação 25 de Abril, Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, APOIAR (Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra) Coronel Câmara Stone, Adido Militar de Defesa na Embaixada de Portugal em Maputo (Moçambique) e Amnistia Internacional.
13 de Maio de 2008 “Desaparecido em Combate” enviado em carta a todos os Grupos Parlamentares de Assembleia da República.
15 de Maio de 2008 “Desaparecido em Combate” enviado à Embaixada de Moçambique em Portugal.
26 de Maio de 2008 “Desaparecido em Combate” enviado para o Ministério dos Assuntos dos Antigos Combatentes de Moçambique.
17 de Julho de 2009 “Desaparecido em Combate” enviado ao Tenente Coronel Álvaro Diogo da Liga dos Combatentes.
23 de Novembro de 2009 “Desaparecido em Combate” enviado ao Presidente de Moçambique Armando Guebuza, à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e à Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (Moçambique).
07 de Abril de 2010 “Desaparecido em Combate” enviado à Comunidade Católica de Stº Egídio radicada na Tanzânia, e ao Padre José Alexandre da Paróquia S. Miguel Arcanjo da Comunidade Missionária Boa Nova radicada na aldeia de Malema em Moçambique.
10 de Setembro de 2010 Encontro em Alhos Vedros com o Padre José Alexandre dos Missionários da Comunidade da Boa Nova, a quando da sua deslocação a Portugal, onde lhe expus pessoalmente todo o processo relacionado com o Furriel Castro Guimarães, onde prometeu toda a sua colaboração.
15 de Novembro de 2010 “Desaparecido em Combate” enviado em carta ao Embaixador da República Unida da Tanzânia em Paris (França).
11 de Agosto de 2011 Carta enviada ao Padre José Alexandre dos Missionários da Comunidade da Boa Nova radicada na aldeia de Malema (Moçambique), a relembrar-lhe do caso do Furriel Castro Guimarães, saber se das diligências que disse ir efectuar se já tinha alguns dados concretos sobre o mesmo.
Tem sido de facto um esforço inglório, tendo em conta as individualidades e organismos oficiais contactados, sem que de qualquer das partes haja pelo menos uma resposta, à excepção da Liga dos Combatentes, que se comprometeu intervir no caso desde que se saiba o local exacto onde aquele militar poderá estar sepultado, bem assim como da colaboração prometida do Padre José Alexandre.
Apesar destes contratempos e reconhecendo que este caso é bastante complexo e de difícil e demorada resolução, nada me demove desta missão de tentar saber onde se encontram sepultados os restos mortais do Furriel Castro Guimarães e devolvê-los à pátria, mas também exigir que o seu nome seja inscrito no Monumento dos Combatentes em Belém, ao lado dos seus companheiros que tombaram na Guerra Colonial, de onde foi arredado por o regime do Estado Novo o ter injustamente considerado um desertor (versão contrariada por todos os militares que presenciaram aquela operação a quando do seu falecimento em combate nas margens do rio Rovuma no dia 15 de Novembro de 1972) e que a democracia saída do 25 de Abril de 1974 ainda não lhe soube restituir a dignidade.
Carlos Vardasca
15 de Novembro de 2011

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