Foto 1: O "Almada", o primeiro a contar da esquerda, na companhia de outros elementos da C. CAÇ. 3309 no Aquartelamento de Pundanhar. 05 de Agosto de 1971.
Foto 2: O Aquartelamento de Tartibo no dia seguinte ao ataque da FRELIMO. 02 de Outubro de 1971.
Foto 3: Evacuação do "Almada" no Aquartelamento de Tartibo. 02 de Outubro de 1971.
Foto 4: O "Almada" chega gravemente ferido ao Hospital de Mueda. 02 de Outubro de 1971.
No dia seguinte aquele Aquartelamento assemelhava-se de facto a uma “casa totalmente desarrumada”. Eram cunhetes de munições vazios, cápsulas de obus 14 e de morteiro 81mm espalhados por todo o lado, mas também um silêncio tremendamente ensurdecedor que invadia todos os presentes pelas consequências que daí resultaram.
No dia anterior (1 de Outubro de 1971) o Aquartelamento de Tartibo tinha sido alvo de um violento ataque por parte dos guerrilheiros da FRELIMO, que pela sua intensidade e duração pareciam querer recuperar aquela área que outrora fora uma das suas bases.
A flagelação de Tartibo iniciou-se pelas 17 horas e 45 minutos, e dos quatro ataques sofridos pela Companhia de Caçadores 3309 ali estacionada, intervalados entre si por cerca de 15 minutos, caíram dentro do perímetro defensivo cerca de 15 granadas de morteiro 82mm e de 60mm, tendo o mesmo só cessado por volta das 18 horas e 30 minutos com consequências bastante dramáticas para quem o viveu.
Das várias granadas de morteiro 82mm disparadas da mata densa, uma delas foi cair precisamente numa das valas onde se encontrava refugiado o “Almada”[1], que foi atingido por vários estilhaços tendo vindo a falecer, depois de uma lenta agonia que se prolongou até ao dia seguinte, numa batalha contra a morte, que se veio a tornar inglória apesar dos esforços dos enfermeiros que impotentes o tentaram salvar.
Aquele dia 02 de Outubro de 1971 gravou em todos os presentes naquele Aquartelamento uma imagem de profunda angústia, que explodiu de raiva quando o helicóptero levantou voo e levou para bem longe dali aquele nosso companheiro que já suspirava os últimos momentos de vida.
Transferido para o Hospital de Mueda e posteriormente (devido à gravidade dos ferimentos) para o Hospital Militar da cidade de Lourenço Marques[2], vindo a falecer a caminho deste no dia 02 de Outubro de 1971.
Faz hoje precisamente 40 anos do ocorrido e, em jeito de homenagem, aqui fica ao “Almada” e aos seus familiares um abraço solidário de todos os que sobreviveram àquele inferno, mais concretamente dos ex. militares da Companhia de Caçadores 3309, que guardam com saudade a imagem daquele seu companheiro que viram partir “sem jeito nem prosa”.
Carlos Vardasca
02 de Outubro de 2011
[1] 1º Cabo Atirador NM 13619570, Pedro Manuel Gaspar Augusto
[2] Actual cidade de Maputo.
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