Brazão do Batalhão de Caçadores 3834
Do cais de Alcântara,
Lisboa, por volta das doze horas do dia 24 de janeiro de 1971 a Companhia de
Caçadores 3309 integrada no Batalhão de Caçadores 3834, embarcou no navio
Niassa com destino à colónia portuguesa de Moçambique, com escala por Guiné
“forçada” (evacuação de homem gravemente ferido), Luanda e Lourenço Marques
(hoje Maputo), onde, volvidos vinte e dois dias atracou.
Para a maioria do pessoal, tratava-se de um destino desconhecido, como que um tiro no escuro. Era o tempo de “Angola é nossa” cantava-se a altos brados, enquanto se esqueciam as dezenas de mortos e mutilados.
Foi uma viagem com alguns episódios sórdidos, peripécias rocambolescas e desconcertantes dos quais o mais grave foi o do soldado “Tarzan” que “caiu” ou “atirou-se” borda fora. De imediato alguém lançou a tal boia “luminosa” enquanto o barco fazia a manobra de recuperação do náufrago.
Já ninguém contava com o infeliz, naqueles mares de turbulência e infestado de tubarões. O “maralhal” abeirou-se da borda carregado de curiosidade, embora, já fosse noite. Por pouco não tivemos um naufrágio estupidamente infantil, não fosse o alerta dum altifalante manhoso que berrou para sairmos dali, porque o barco adornava bastante para o mesmo lado e virar-se era uma forte possibilidade. Além do nosso batalhão, iam outras companhias militares.
O náufrago foi resgatado são e salvo perante a estupefação dos “mirones”. Milagre, gritava alguém. Como foi possível? Comentavam outros. Este foi um, de muitos episódios.
O “Niassa” era um paquete “muito jeitoso” para transporte de animais.
Para a maioria do pessoal, tratava-se de um destino desconhecido, como que um tiro no escuro. Era o tempo de “Angola é nossa” cantava-se a altos brados, enquanto se esqueciam as dezenas de mortos e mutilados.
Foi uma viagem com alguns episódios sórdidos, peripécias rocambolescas e desconcertantes dos quais o mais grave foi o do soldado “Tarzan” que “caiu” ou “atirou-se” borda fora. De imediato alguém lançou a tal boia “luminosa” enquanto o barco fazia a manobra de recuperação do náufrago.
Já ninguém contava com o infeliz, naqueles mares de turbulência e infestado de tubarões. O “maralhal” abeirou-se da borda carregado de curiosidade, embora, já fosse noite. Por pouco não tivemos um naufrágio estupidamente infantil, não fosse o alerta dum altifalante manhoso que berrou para sairmos dali, porque o barco adornava bastante para o mesmo lado e virar-se era uma forte possibilidade. Além do nosso batalhão, iam outras companhias militares.
O náufrago foi resgatado são e salvo perante a estupefação dos “mirones”. Milagre, gritava alguém. Como foi possível? Comentavam outros. Este foi um, de muitos episódios.
O “Niassa” era um paquete “muito jeitoso” para transporte de animais.
Finalmente no dia 25
de fevereiro de 1971 esta C.Caç. 3309 chegou a Nangade, sede operacional e
destino último, desmembrada das restantes companhias do Batalhão e agregando-se
a outro desconhecido até então. Fomos apelidados de “enteados”.
A Companhia de Caçadores 3309, pisava terra firme no dia 6 de março de 1973, depois de 3 longos anos de angústia, inglória e sofrimento. Foi no auge da nossa adolescência, que nos obrigaram a comer o pão que o diabo amassou. Arrastados para esta guerra como “voluntários à força”, somos agora apelidados “heróis do silêncio”.
Infelizmente quatro dos nossos não nos acompanharam: o Vitor “Didiá”, o Albino Sousa “Serviços Básicos”, o Pedro Augusto “Almada” e o Pereira “Alentejano”. Vidas ceifadas a troco de nada.
Dezassete partiram, já na metrópole. Também estes continuam presentes no nosso pensamento e pesar. Andámos na roda dos 68/69 anos. Pertencemos ao rol dos “Cocuanas Cacimbados” que agora nem olham para as garridas capulanas, nem ouvem os batuques de marrabentas.
Dezoito anos depois, em 09/03/1991, reunimo-nos pela primeira vez na cidade do Porto, na praça do Marquês. Foi no restaurante CAPOEIRA. Eramos 85 ex-militares e respetivos familiares e a organização esteve a cargo de Arteiro, César e Moreira. Chovia que deus a dava torrencialmente, mas nem isso esmoreceu os convivas. Festa molhada, festa abençoada.
Entre lágrimas de saudade e sorrisos, abraços de nostalgia apimentámos o reencontro com muita alegria. Chorar de rir, chorar de sentir.
Em cada Encontro há uma nova história, um novo conto.
Depois foi o deambular pelo País: Paredes de Coura, Ponte de Lima, Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Braga, Bragança, Mirandela, Castelo Branco, Fundão, Vila Nova de Gaia, Pateira de Fermentelos, Guia, Pombal …até Vila Viçosa. O maior número de presenças (112), registou-se no XXI encontro no dia 5/3/2011 nas Caldas da Rainha. Tempo frio, mas com boas abertas. Era altura do Carnaval. Fizemos dois em um.
45 anos depois, já estamos no XXVIII Encontro Nacional, escolhendo novamente a bela e laboriosa cidade de S. João da Madeira que tão bem nos acolheu e recebeu, não esquecendo a prestimosa colaboração da Exª. Câmara, na pessoa do Sr. Presidente em colaboração com a Junta de Freguesia pela sua generosidade e lembranças para cada um dos ex-militares.
Este nosso XXVIII Encontro Nacional teve na Organização o camarada Pinto Almeida, filho muito conhecido da terra e conceituado empreiteiro da empresa “Pintal”, que em todos os Encontros se esmera em ser um ativo e generoso colaborador.
A Companhia de Caçadores 3309, pisava terra firme no dia 6 de março de 1973, depois de 3 longos anos de angústia, inglória e sofrimento. Foi no auge da nossa adolescência, que nos obrigaram a comer o pão que o diabo amassou. Arrastados para esta guerra como “voluntários à força”, somos agora apelidados “heróis do silêncio”.
Infelizmente quatro dos nossos não nos acompanharam: o Vitor “Didiá”, o Albino Sousa “Serviços Básicos”, o Pedro Augusto “Almada” e o Pereira “Alentejano”. Vidas ceifadas a troco de nada.
Dezassete partiram, já na metrópole. Também estes continuam presentes no nosso pensamento e pesar. Andámos na roda dos 68/69 anos. Pertencemos ao rol dos “Cocuanas Cacimbados” que agora nem olham para as garridas capulanas, nem ouvem os batuques de marrabentas.
Dezoito anos depois, em 09/03/1991, reunimo-nos pela primeira vez na cidade do Porto, na praça do Marquês. Foi no restaurante CAPOEIRA. Eramos 85 ex-militares e respetivos familiares e a organização esteve a cargo de Arteiro, César e Moreira. Chovia que deus a dava torrencialmente, mas nem isso esmoreceu os convivas. Festa molhada, festa abençoada.
Entre lágrimas de saudade e sorrisos, abraços de nostalgia apimentámos o reencontro com muita alegria. Chorar de rir, chorar de sentir.
Em cada Encontro há uma nova história, um novo conto.
Depois foi o deambular pelo País: Paredes de Coura, Ponte de Lima, Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Braga, Bragança, Mirandela, Castelo Branco, Fundão, Vila Nova de Gaia, Pateira de Fermentelos, Guia, Pombal …até Vila Viçosa. O maior número de presenças (112), registou-se no XXI encontro no dia 5/3/2011 nas Caldas da Rainha. Tempo frio, mas com boas abertas. Era altura do Carnaval. Fizemos dois em um.
45 anos depois, já estamos no XXVIII Encontro Nacional, escolhendo novamente a bela e laboriosa cidade de S. João da Madeira que tão bem nos acolheu e recebeu, não esquecendo a prestimosa colaboração da Exª. Câmara, na pessoa do Sr. Presidente em colaboração com a Junta de Freguesia pela sua generosidade e lembranças para cada um dos ex-militares.
Este nosso XXVIII Encontro Nacional teve na Organização o camarada Pinto Almeida, filho muito conhecido da terra e conceituado empreiteiro da empresa “Pintal”, que em todos os Encontros se esmera em ser um ativo e generoso colaborador.
João da Silva Arteiro
10 de Março de 2018
10 de Março de 2018
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