sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

" ...não podia ficar indiferente"



(...) Como já vem sendo hábito, e porque o poder dos mais fortes sempre se tem sobreposto ao dos mais fracos, assistimos (a exemplo do que aconteceu com a Conferência de Berlim em 1884-1885 que esquartejou o continente Africano ao sabor do apetite das potências coloniais) ao retalhar do continente europeu por imposição dos EUA, que assim desta forma debilitam o "velho continente" forjando conflitos (mas sempre longe das suas fronteiras), criando-lhe dificuldades para que o Euro não passe a ser a moeda de referência, destronando o Dólar nas trocas comerciais entre países. A declaração unilateral de independência por parte da província do Kosovo instigada pelos EUA (território que legitimamente é parte integrante da República Sérvia, conforme reconhecimento das Nações Unidas) faz parte da estratégia dos EUA de estender a sua influência aos países da ex-Europa de Leste e aproximar-se das fronteiras da Rússia.
Para que não hajam dúvidas, a tão proclamada aspiração de independência do Kosovo nada tem a ver com o legítimo direito dos povos das ex-colónias portuguesas ou do povo de Timor-Leste a libertarem-se do jugo colonial e da ocupação Indonésia. São questões tão diferentes que merecem um breve esclarecimento. Na província do Kosovo não se assistiu a nenhuma ocupação como se verificou nas antigas colónias e num outro contexto em Timor-Leste. O que aconteceu foi que, para fugirem à miséria e procurarem um modo de vida mais desafogado, muitos albaneses efectuaram ao longo de vários anos, vários surtos migratórios da Albânia para o sul da então Jugoslávia (juntando-se a muitos muçulmanos que já ali habitavam) tornando-se desta forma a população maioritária naquela província do Kosovo, também devido aos fortes índices de natalidade daquele povo muçulmano que contrastava com a baixa natalidade do povo Sérvio.
Apesar desta realidade, pergunta-se então:
- Que legitimidade tem uma minoria étnica em reivindicar a soberania de um território que não lhe pertence mas que a acolheu, só porque os seus protagonistas que gozam de algum prestígio nacionalista (para além de se refugiarem na hegemonia populacional) se sentem protegidos pelos "senhores da guerra" e pelos poderosos cartéis da corrupção e do tráfico de armas?
Vamos supor que aqui entre nós se desencadeia um surto migratório de populações espanholas para uma qualquer província do nosso país, e aí, ao longo dos tempos, passam a constituir a maioria da população desse território e se sentem no direito de reivindicar a sua autonomia.
Como é que nós portugueses então reagiríamos, se assistisse-mos ao esquartejar da nossa pátria por interesses que nos eram alheios?
Perante mais esta violação da soberania de um estado, ficou cada vez mais claro para quem ainda tinha dúvidas (com a declaração unilateral da independência do Kosovo) que o direito internacional só é respeitado conforme as conveniências das potências hegemónicas, mesmo que para isso criem um estado artificial (cuja inviabilidade o fará viver permanentemente sob a ocupação estrangeira) onde a legitimidade da sua existência sirva apenas para alimentar a instabilidade no continente europeu, e ali dar guarida a interesses que nada têm a ver com a convivência étnica que era uma das características daquela região dos Balcãs, antes de se instalar a instabilidade (que se provou ser importada mas que tanto Sérvios, Bósnios e Muçulmanos não podem deixar de ser também responsáveis) e que deu origem aos conflitos já conhecidos e ao desmembramento da ex-Jugoslávia por ordem do Pentágono.
Como eu não poderia ficar indiferente, aqui fica o meu contributo para a compreensão desta questão, que aliás, ainda vai fazer correr muita tinta na imprensa mundial de referência, que decerto irá denunciar e não deixará impune mais esta fraude com mais uma violação do direito internacional, a exemplo de outras tantas, como foi o caso da monstruosa mentira da existência de armas de destruição maciça no Iraque, e que provocou milhares de vítimas inocentes só para saciar os apetites hegemónicos do "Império" (...)

Carlos Vardasca
22 de Fevereiro de 2008
Mapas recolhidos do "Google" e do "Mundo Diplomático".

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