Faz hoje precisamente trinta e nove anos, que aquele cenário dramático ocorreu nas margens do rio Rovuma, na fronteira com a Tanzânia.
O desaparecimento em combate do Furriel Castro Guimarães no dia 15 de Novembro de 1972 é sobejamente conhecido através do meu artigo de opinião intitulado “Desaparecido em Combate” e da sua constante divulgação no blogue “Do Tejo ao Rovuma”, tendo sido uma luta constante (através de contactos permanentes com os diversos organismos e entidade oficiais) com o objectivo de (numa primeira fase) se chegar o mais perto possível da aldeia de Kytaia na Tanzânia (onde supostamente se pensa ter sido sepultado pelas autoridades tanzanianas) e numa fase posterior (se ainda for possível) recuperar os seus restos mortais e devolvê-los à pátria.
Apesar dos vários pedidos de colaboração enviados às diversas entidades e organismo oficiais contactados, até ao momento nada de novo há a registar, limitando-me hoje apenas a descrever as diligências por mim efectuadas no sentido de contribuir para a resolução deste caso.
04 de Maio de 2008 ▪ Elaboração do artigo “Desaparecido em Combate” e enviado à Comunicação Social: Jornais Expresso, Público, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Revista Visão, Revista Sábado e jornal “O RIO”, Rádio Televisão Portuguesa (RTP), assim como a vários órgãos de comunicação social de Moçambique.
07 de Maio de 2008 ▪ Divulgação de “Desaparecido em Combate” junto da Liga dos Combatentes, Associação de Veteranos de Guerra, Associação dos Deficientes das Forças Armadas, dos Blogues “Guerra do Ultramar” e “Luís Graças & Camaradas da Guiné”, Arquivo Histórico Militar, Associação de GE-GEP, Associação 25 de Abril, Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, APOIAR (Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra) Coronel Câmara Stone, Adido Militar de Defesa na Embaixada de Portugal em Maputo (Moçambique) e Amnistia Internacional.
13 de Maio de 2008 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado em carta a todos os Grupos Parlamentares de Assembleia da República.
15 de Maio de 2008 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado à Embaixada de Moçambique em Portugal.
26 de Maio de 2008 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado para o Ministério dos Assuntos dos Antigos Combatentes de Moçambique.
17 de Julho de 2009 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado ao Tenente Coronel Álvaro Diogo da Liga dos Combatentes.
23 de Novembro de 2009 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado ao Presidente de Moçambique Armando Guebuza, à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e à Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (Moçambique).
07 de Abril de 2010 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado à Comunidade Católica de Stº Egídio radicada na Tanzânia, e ao Padre José Alexandre da Paróquia S. Miguel Arcanjo da Comunidade Missionária Boa Nova radicada na aldeia de Malema em Moçambique.
10 de Setembro de 2010 ▪ Encontro em Alhos Vedros com o Padre José Alexandre dos Missionários da Comunidade da Boa Nova, a quando da sua deslocação a Portugal, onde lhe expus pessoalmente todo o processo relacionado com o Furriel Castro Guimarães, onde prometeu toda a sua colaboração.
15 de Novembro de 2010 ▪ “Desaparecido em Combate” enviado em carta ao Embaixador da República Unida da Tanzânia em Paris (França).
11 de Agosto de 2011 ▪ Carta enviada ao Padre José Alexandre dos Missionários da Comunidade da Boa Nova radicada na aldeia de Malema (Moçambique), a relembrar-lhe do caso do Furriel Castro Guimarães, saber se das diligências que disse ir efectuar se já tinha alguns dados concretos sobre o mesmo.
Tem sido de facto um esforço inglório, tendo em conta as individualidades e organismos oficiais contactados, sem que de qualquer das partes haja pelo menos uma resposta, à excepção da Liga dos Combatentes, que se comprometeu intervir no caso desde que se saiba o local exacto onde aquele militar poderá estar sepultado, bem assim como da colaboração prometida do Padre José Alexandre.
Apesar destes contratempos e reconhecendo que este caso é bastante complexo e de difícil e demorada resolução, nada me demove desta missão de tentar saber onde se encontram sepultados os restos mortais do Furriel Castro Guimarães e devolvê-los à pátria, mas também exigir que o seu nome seja inscrito no Monumento dos Combatentes em Belém, ao lado dos seus companheiros que tombaram na Guerra Colonial, de onde foi arredado por o regime do Estado Novo o ter injustamente considerado um desertor (versão contrariada por todos os militares que presenciaram aquela operação a quando do seu falecimento em combate nas margens do rio Rovuma no dia 15 de Novembro de 1972) e que a democracia saída do 25 de Abril de 1974 ainda não lhe soube restituir a dignidade.
Carlos Vardasca
15 de Novembro de 2011