(Opinião)
Ao longo dos séculos, a humanidade foi conquistando direitos que até então lhes tinham sido negados, já que se partia do pressuposto de que o que estava instituído tinha que ser assim e não poderia ser alterado “porque era uma dádiva de deus”.
Assim, os privilégios foram-se eternizando e institucionalizando, a opressão e a escravatura foram ganhando um estatuto que lhes conferiu (como estado de submissão) uma forma de vida considerada normal a que os escravizados estivessem condenados a suportar por toda a sua existência.
Mas aquilo que parecia estar “oficializado” foi, ao longo dos séculos sujeito a diversos estádios de desenvolvimento, que foram permitindo, por pressão de movimentos sociais favoráveis à emancipação dos povos, a uma tomada de consciência por parte das sociedades, que conduziram à sua libertação através da interiorização de utopias tomadas até aí como impossíveis, mas que se foram materializando em movimentos libertadores mais ou menos violentos, dependendo dos níveis de opressão e de escravatura a que estavam sujeitos os povos, pois sempre foi o que de certa forma tem determinado os níveis de agressividade e de revolta a encetar contra o opressor.
Vem este artigo a propósito no sentido de refutar a questão, sobre o que vulgarmente e de uma forma arrogante é divulgado pela comunicação social controlada pelos grandes grupos económicos, que dizem, ter-se assistido com a queda do Muro de Berlim em 1989, “ao fim das utopias", e que os povos dificilmente encontrarão outras que lhes despertem tanto alento como as que foram determinantes para as suas lutas nos séculos XIX e XX, e em pleno século XXI.
Tremenda falsidade. "A história tem-nos mostrado que não tem fim", contrariando o que preconizava Francis Fukuyama na sua tese de “O fim da história”, e que novos conflitos eclodirão fruto da instabilidade social e da luta secular dos povos pela preservação da sua identidade.
Ao erguerem-se "novos Muros, novas utopias se levantarão", em resultado da luta dos povos contra a opressão e a injustiça. Contra a globalização neoliberal que lhes tenta formatar e uniformizar o pensamento, moldar as ideias e os costumes.
A recente construção do muro Sionista na Faixa de Gaza; do muro na fronteira entre os EUA e o México; os "Velhos Muros" que são o grande fosso que separa os cada vez mais ricos dos cada vez mais pobres, assim como as várias "barreiras de arame farpado" que tentam amuralhar a Europa, impedindo a entrada dos famintos de África naquela “fortaleza” onde reina a opulência e a ostentação, são meras tentativas goradas ao fracasso, pois os despojados das suas riquezas naturais; privados dos seus direitos sociais e de exercerem a soberania económica sobre os seus territórios ocupados, sabem muito bem, como e onde se dirigir, para encontrar a estabilidade e o sustento de que foram privados e que já vai escasseando para si e para os seus filhos.
Aqueles povos, decerto que ainda não se esqueceram de quem lhes "esventrou" as terras e se apoderou dos seus recursos naturais; sabem muito bem onde os encontrar e onde foram "armazenados" e não desistirão enquanto não os puderem partilhar. Sabem muito bem quem lhes ocupa o território fundamentando-se em questões meramente religiosas e políticas, e não descansarão enquanto não virem derrubados os muros que lhes esquartejam a pátria, muitos desses "Muros" construídos por países que enriqueceram à sua custa e que agora lhes recusam a partilha do seu bem-estar.
Por tudo isto, não se admirem (os que devido a um conformismo prenhe de parcialidade e intencionalmente menos atentos) que ainda existam causas e povos que se movimentam e ergam em pleno século XXI - "como novas utopias” - o apelo ao derrube dos vários “muros” que tentam perpetuar a sua pobreza; isolar e calar a sua indignação; os privam dos bens essenciais à sua sobrevivência e os impedem de exercer o direito de defender a sua pátria.
Carlos Vardasca
09 de Novembro de 2009
Ao longo dos séculos, a humanidade foi conquistando direitos que até então lhes tinham sido negados, já que se partia do pressuposto de que o que estava instituído tinha que ser assim e não poderia ser alterado “porque era uma dádiva de deus”.
Assim, os privilégios foram-se eternizando e institucionalizando, a opressão e a escravatura foram ganhando um estatuto que lhes conferiu (como estado de submissão) uma forma de vida considerada normal a que os escravizados estivessem condenados a suportar por toda a sua existência.
Mas aquilo que parecia estar “oficializado” foi, ao longo dos séculos sujeito a diversos estádios de desenvolvimento, que foram permitindo, por pressão de movimentos sociais favoráveis à emancipação dos povos, a uma tomada de consciência por parte das sociedades, que conduziram à sua libertação através da interiorização de utopias tomadas até aí como impossíveis, mas que se foram materializando em movimentos libertadores mais ou menos violentos, dependendo dos níveis de opressão e de escravatura a que estavam sujeitos os povos, pois sempre foi o que de certa forma tem determinado os níveis de agressividade e de revolta a encetar contra o opressor.
Vem este artigo a propósito no sentido de refutar a questão, sobre o que vulgarmente e de uma forma arrogante é divulgado pela comunicação social controlada pelos grandes grupos económicos, que dizem, ter-se assistido com a queda do Muro de Berlim em 1989, “ao fim das utopias", e que os povos dificilmente encontrarão outras que lhes despertem tanto alento como as que foram determinantes para as suas lutas nos séculos XIX e XX, e em pleno século XXI.
Tremenda falsidade. "A história tem-nos mostrado que não tem fim", contrariando o que preconizava Francis Fukuyama na sua tese de “O fim da história”, e que novos conflitos eclodirão fruto da instabilidade social e da luta secular dos povos pela preservação da sua identidade.
Ao erguerem-se "novos Muros, novas utopias se levantarão", em resultado da luta dos povos contra a opressão e a injustiça. Contra a globalização neoliberal que lhes tenta formatar e uniformizar o pensamento, moldar as ideias e os costumes.
A recente construção do muro Sionista na Faixa de Gaza; do muro na fronteira entre os EUA e o México; os "Velhos Muros" que são o grande fosso que separa os cada vez mais ricos dos cada vez mais pobres, assim como as várias "barreiras de arame farpado" que tentam amuralhar a Europa, impedindo a entrada dos famintos de África naquela “fortaleza” onde reina a opulência e a ostentação, são meras tentativas goradas ao fracasso, pois os despojados das suas riquezas naturais; privados dos seus direitos sociais e de exercerem a soberania económica sobre os seus territórios ocupados, sabem muito bem, como e onde se dirigir, para encontrar a estabilidade e o sustento de que foram privados e que já vai escasseando para si e para os seus filhos.
Aqueles povos, decerto que ainda não se esqueceram de quem lhes "esventrou" as terras e se apoderou dos seus recursos naturais; sabem muito bem onde os encontrar e onde foram "armazenados" e não desistirão enquanto não os puderem partilhar. Sabem muito bem quem lhes ocupa o território fundamentando-se em questões meramente religiosas e políticas, e não descansarão enquanto não virem derrubados os muros que lhes esquartejam a pátria, muitos desses "Muros" construídos por países que enriqueceram à sua custa e que agora lhes recusam a partilha do seu bem-estar.
Por tudo isto, não se admirem (os que devido a um conformismo prenhe de parcialidade e intencionalmente menos atentos) que ainda existam causas e povos que se movimentam e ergam em pleno século XXI - "como novas utopias” - o apelo ao derrube dos vários “muros” que tentam perpetuar a sua pobreza; isolar e calar a sua indignação; os privam dos bens essenciais à sua sobrevivência e os impedem de exercer o direito de defender a sua pátria.
Carlos Vardasca
09 de Novembro de 2009
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